segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Precisamos de outras formas de avaliar a educação!


Quero dizer algo muito simples:

Precisamos de formas eficientes de saber como nossos cursos de psicologia têm funcionado. Saber onde estão os problemas, e onde estão as grandes vantagens. Saber quais são as formas mais eficientes de democracia, quais são as que mais estão dando errado, e onde esta democracia falta, pra saber onde é preciso melhorar e de onde tirar inspiração para isso. Saber quais prédios estão inadequados, onde estão faltando prédios, e onde a estrutura física é exemplar, e pode servir de modelo para os casos anteriores. Saber que tipo de laboratório vale ou não vale a pena ter, e quais as dificuldades para mudar os atuais laboratórios problemáticos. Saber quais conteúdos são indispensáveis, quais podem ser facultativos, quais são mais convenientes às diferentes realidades regionais, e às demandas e vontades coletivas de cada localidade. Saber como deve ser a relação professor-estudante, como ela está sendo, e onde é preciso reinventá-la para que seja proveitosa para ambos os lados. Saber quais livros faltam nas bibliotecas, e quais não podem faltar, saber quais são dispensáveis, mas ainda assim seria bom que tivessem. Saber o quão acessível cada curso é para pessoas com deficiências, dificuldades especiais, ou mesmo com dificuldades financeiras que, infelizmente, ainda existem. Saber onde está havendo opressão machista, racista, homofóbica, manicomial, etc., e buscar caminhos para enfrentá-las. Saber as condições de trabalho nestes cursos, se são dignas, se dão gosto de trabalhar, se são humilhantes, se são insuficientes, se dão condições materiais, se dão direito de as trabalhadoras e os trabalhadores opinarem suficientemente sobre seus próprios processos de trabalho. Saber se a população para quem este conhecimento é produzido está satisfeita, se está tendo acesso, se este conhecimento está de fato sendo produzido pra ela, e caso não esteja, como fazer com que passe a ser. Saber como esta população pode opinar e participar da vida destas universidades e destes cursos. Enfim...

Precisamos saber tudo isso aí em cima. No entanto, para isso, precisamos de dispositivos para avaliar estes cursos. Eu estou afirmando: o ENADE é INCOMPETENTE para cumprir este papel, e só cumpre o papel de colocar os cursos num ranking mercadológico que vai contra todos os interesses acima (afinal, um curso com Conceito 5 no ENADE consegue se vender, como produto, sem precisar resolver os problemas listados acima e outros infinitos que existam). Precisamos dizer não ao ENADE, e construir outras formas de avaliação. Algumas já existem, outras ainda precisam ser inventadas, e as idéias para a invenção destas novas formas de avaliação, costumam surgir justamente durante as campanhas de boicote ao ENADE. Por isso eu defendo o boicote ao ENADE, e convido você, que estiver perto da UFES na noite da quinta que vem, 27 de setembro, para o debate que o CALPSI-UFES vai fazer, com o tema "ENADE ou Outras Formas de Avaliação?". Será às 19h no pátio interno do CEMUNI VI, prédio da psicologia. Façam debates parecidos em suas faculdades também. Qualquer um pode organizar um debate desses, passe nas salas de aula chamando, pesquisem sobre o assunto na internet, leiam documentos e textos de opinião sobre isso, permitam o diálogo de opiniões opostas, isso também é uma forma de avaliar a educação.

E eu avalio que o ENADE não avalia NADA! Como você avalia o ENADE?

beijinhos de maracujá!

Um comentário:

  1. ENADE é dessas coisas tristes de fazer rir.

    Boicotemos, pois!

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