Serra, ES, 20 de fevereiro de 2012
Nós, intelectuais da favela, temos uma coisa a dizer pra vocês, intelectuais de esquerda filhas e filhos da burguesia. Tanto uma coisa pra quem quer fazer revolução, quanto uma coisa pra quem quer continuar praticando as opressões brancas, masculinas, hetero, sãs, sóbrias, falantes, ouvintes, videntes, andantes, motoristas, motoqueiras, capistas, elitistas, catolico-calvinistas e burguesas que são possíveis a alguém que se diga intelectual de esquerda. Aos primeiros: venham conosco! Aos segundos: tenham medo de nós, pois demoliremos seus planos! Ou venham conosco!
Nós somos um perigo sem precedentes, porque nós não temos rabo preso, e nós somos inteligentes, eruditas e eruditos pra caralho! Nós não comemos às custas da exploração, nós somos legítimas filhas e filhos da Classe Trabalhadora, por isso podemos odiar a exploração capitalista (que não nos alimenta, mas nos rouba)! Vocês são incapazes disso, porque não romperam com os benefícios elitistas, por isso nunca terão a competência nem serão capazes de fazer a ciência crítica que fazemos! Nosso materialismo é muito mais histórico-dialético, já nasce mais apto a compreender a concretude da relação capital-trabalho do que o de vocês! Ou vocês lêem os textos que estamos escrevendo nas favelas (de madrugada, conciliando estudos, doideiras e turnos de trabalho), ou nunca serão capazes de fazer filosofia, ciência ou teoria de verdade!
E outra coisa, aprendemos com o Pessoal do Ceará que amar e mudar as coisas nos interessa mais, mas somos SIM interessadas em teorias, em poesias e no algo mais! Nós somos poetisas e poetas, nós somos artistas, nós somos as flores do asfalto, um tipo de mato que o cinza não mata! Somos criativas e criativos como cadelas no cio! Seduzimos e atraímos as idéias! Nós, intelectuais da favela, somos o cio das cadelas da favela! E vocês, como cães domesticados, precisam se deixar levar pelo cio e vir conosco, com as cadelas sedutoras, ou ficarão pra sempre ladrando a intelectualidade pelega de uma esquerda conservadora e boçal! A favela é a vanguarda agora, nós já estamos no comando do processo revolucionário! Nós já temos um exército armado em cada favela, ou mais de um, precisando apenas do comando de uma vanguarda intelectual e proletária! E toda favela tem um cenário, ou mais de um, cheio de coisas e arte a dizer! Se nós, intelectuais da favela, fizermos uma rede que una todos os cenários, tiraremos todas as baratas dos bueiros, teremos o maior megafone do mundo, que derrubará todas as liturgias com o grito de todas as favelas do mundo todo! Os batuques do terreiro imenso, de nosso quilombo internacionalista, derrubarão toda a etiqueta opressora da missa em latim! Educar a favela pra fazer arte e apreciar é o nosso imperativo!
Nós, intelectuais da favela, não somos intelectuais pé de chinela, pelo fato de não sermos europeizadas e europeizados! Muito pelo contrário, é isso o que nos dá mais propriedade, porque somos pessoas conectadas com o mundo todo, mas somos pessoas feurrozeadas, ou algo que a isso equivalha! Nós somos fodas! Cadelas em cio e baratas, das mais dignas e valorosas que a luta socialista já viu e já pôde gestar! Nós somos capazes de tudo o que vocês fazem, somos quartistas, lemos Demerval Saviani, lemos Mészáros e Lukács, lemos Marini e manjamos muito de método, somos capazes de entender Hegel, Einstein e Espinosa! Mas vocês nunca entenderão Marx como nós, e nunca saberão criticar Nietzsche como nós, porque somos feministas, somos quilombolas, somos antimanicomiais! Nós temos muito a ensinar pra vocês! E o que for pra construir unidade e parceria no seio da classe, fecha co' nóis, que nóis é o certo! A gente não tá lutando por legalização só porque a gente quer fumar um na paz e curtir nossa comunidade! É isso também, mas não é só isso! A gente quer legalizar porque o tráfico tá acorrentando a favela no comércio de armas e delícias, mas no dia em que for legal, a favela estará livre e armada, pronta pra fazer a revolução! Então, intelectuais de esquerda filhas e filhos da burguesia, venham conosco, aprendam conosco, e nos deixem aprender com vocês também! Seremos uma mesma classe, apesar de nossas origens diversas, e faremos uma mesma revolução! Pelo seio da favela sereis vós adotadas e adotados!
Nós somos um perigo sem precedentes, porque nós não temos rabo preso, e nós somos inteligentes, eruditas e eruditos pra caralho! Nós não comemos às custas da exploração, nós somos legítimas filhas e filhos da Classe Trabalhadora, por isso podemos odiar a exploração capitalista (que não nos alimenta, mas nos rouba)! Vocês são incapazes disso, porque não romperam com os benefícios elitistas, por isso nunca terão a competência nem serão capazes de fazer a ciência crítica que fazemos! Nosso materialismo é muito mais histórico-dialético, já nasce mais apto a compreender a concretude da relação capital-trabalho do que o de vocês! Ou vocês lêem os textos que estamos escrevendo nas favelas (de madrugada, conciliando estudos, doideiras e turnos de trabalho), ou nunca serão capazes de fazer filosofia, ciência ou teoria de verdade!
E outra coisa, aprendemos com o Pessoal do Ceará que amar e mudar as coisas nos interessa mais, mas somos SIM interessadas em teorias, em poesias e no algo mais! Nós somos poetisas e poetas, nós somos artistas, nós somos as flores do asfalto, um tipo de mato que o cinza não mata! Somos criativas e criativos como cadelas no cio! Seduzimos e atraímos as idéias! Nós, intelectuais da favela, somos o cio das cadelas da favela! E vocês, como cães domesticados, precisam se deixar levar pelo cio e vir conosco, com as cadelas sedutoras, ou ficarão pra sempre ladrando a intelectualidade pelega de uma esquerda conservadora e boçal! A favela é a vanguarda agora, nós já estamos no comando do processo revolucionário! Nós já temos um exército armado em cada favela, ou mais de um, precisando apenas do comando de uma vanguarda intelectual e proletária! E toda favela tem um cenário, ou mais de um, cheio de coisas e arte a dizer! Se nós, intelectuais da favela, fizermos uma rede que una todos os cenários, tiraremos todas as baratas dos bueiros, teremos o maior megafone do mundo, que derrubará todas as liturgias com o grito de todas as favelas do mundo todo! Os batuques do terreiro imenso, de nosso quilombo internacionalista, derrubarão toda a etiqueta opressora da missa em latim! Educar a favela pra fazer arte e apreciar é o nosso imperativo!
Nós, intelectuais da favela, não somos intelectuais pé de chinela, pelo fato de não sermos europeizadas e europeizados! Muito pelo contrário, é isso o que nos dá mais propriedade, porque somos pessoas conectadas com o mundo todo, mas somos pessoas feurrozeadas, ou algo que a isso equivalha! Nós somos fodas! Cadelas em cio e baratas, das mais dignas e valorosas que a luta socialista já viu e já pôde gestar! Nós somos capazes de tudo o que vocês fazem, somos quartistas, lemos Demerval Saviani, lemos Mészáros e Lukács, lemos Marini e manjamos muito de método, somos capazes de entender Hegel, Einstein e Espinosa! Mas vocês nunca entenderão Marx como nós, e nunca saberão criticar Nietzsche como nós, porque somos feministas, somos quilombolas, somos antimanicomiais! Nós temos muito a ensinar pra vocês! E o que for pra construir unidade e parceria no seio da classe, fecha co' nóis, que nóis é o certo! A gente não tá lutando por legalização só porque a gente quer fumar um na paz e curtir nossa comunidade! É isso também, mas não é só isso! A gente quer legalizar porque o tráfico tá acorrentando a favela no comércio de armas e delícias, mas no dia em que for legal, a favela estará livre e armada, pronta pra fazer a revolução! Então, intelectuais de esquerda filhas e filhos da burguesia, venham conosco, aprendam conosco, e nos deixem aprender com vocês também! Seremos uma mesma classe, apesar de nossas origens diversas, e faremos uma mesma revolução! Pelo seio da favela sereis vós adotadas e adotados!
Intelectuais das favelas de todo o mundo, uni-vos!
beijinhos de maracujá!
"Mas é Joel [morador da favela de Cidade Jardim, na década de 1970] quem diz: 'A necessidade é a mãe da invenção. Quando era pequeno aprendi uma poesia:
ResponderExcluirMas eis que chega janeiro
ano novo, ano inteiro
de espera e que se bendiz
e a mesma ilusão perdura
quem não teve hoje a ventura
pode amanhã ser feliz."
em A ESPOLIAÇÃO URBANA, de Lúcio Kowarick, cap. VI.
Caro José Fernando, gostaria muito de ler seu texto, mas o texto azul em fundo alaranjado vibra na vista. O mesmo não acontece com o texto laranja ou preto. Vc mesmo pode observar que é mais confortável aos olhos a leitura dos comentários ou da lista do arquivo do blog. Se puderes editar a cor, ficarei de fato agradecida.
ResponderExcluirLixo
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