Eu tenho três frases sobre cada assunto. Da boca pra fora, só isso, dentro da minha mente, tem uma revolução acontecendo, a todo momento. Quando eu converso, quando eu ouço música, vejo um filme, uma aula, uma cena do cotidiano, quando eu canto, quando eu falo (as minhas frases agrupadas em trio), quando eu escuto, quando eu vejo, quando eu sinto. Quando eu penso. A todo momento uma revolução corre dentro da minha cabeça, e eu não consigo verbalizar quase nada daquilo, por mais que eu tente... Quando eu tento, saem três frases, e o máximo que eu consigo é repeti-las alternadamente para que pareça que eu estou dizendo coisas novas. Mas eu tenho estado muito ocupado aqui dentro, pensando essas coisas, pra conseguir me colocar pra fora e falá-las.
Eu tão tagarela (e tão tagarela continuo), nunca estive tão atento para o que as pessoas têm a dizer. As pessoas têm muito a dizer, em primeiro lugar. Mas quanto mais eu fique travado pra falar as coisas que tenho pensado, a partir do que eu ouço das outras pessoas e coisas, mais eu reflito nelas, formulo sobre elas, e tenho coisas novas a dizer (que eu quase nunca consigo dizer), e mais eu escuto as pessoas. Eu tenho crescido tanto, com esse meu silêncio, que eu acho que eu tô desenvolvendo super-poderes, telepatia, coisas tipo X-men!
Eu sinto no rosto das pessoas o que elas estão sentindo, e acho que transmito mais o que eu sinto, também. Mas eu não tô sabendo lidar com isso! Tô crescendo rápido demais, tá acelerada, essa história toda! E tem uma outra coisa que tá me assustando mais: Tem um livro de poesia se embrionando dentro de mim.
Fiquei uns dias sem escrever aqui, e esse blog me faz falta. Acabei tendo que escrever sobre mim. Toda vez nos últimos dias que eu tentava escrever sobre qualquer assunto, me faltavam as palavras pra transformar aquela inundação de emoções num post de blog, e eu ficava na impotência silenciosa de posts nem iniciados. Ficava diante do editor de texto do blogger, assim como estou agora, mas sem palavras. Eu tô completamente transformado e estou completamente me transformando, a todo momento. Quando eu tentava escrever sobre as milhões de chamas que queimavam em meu peito, só conseguia formular três frases porcas e nada mais. Só silêncio.
Daí comecei a sentir necessidade de escrever em versos, e isso foi crescendo e se tumultuando dentro de mim de uma maneira tão intensa e interessante que eu até me lembrei dos muitos poemas que eu já escrevi, e que guardo como documentos da minha adolescência alucinantemente esquisita. Já que estou numa adultice alucinantemente esquisita, que tal escrever um livro de poesias?
Eu preciso de um nome, um nome que conceitue a idéia que o livro vai ter, e não posso pedir ajuda a ninguém nesse nome, porque é algo que só eu tenho a dizer, nesse momento. Mas enquanto eu ainda não sei que nome meu livro vai ter, eu escuto as pessoas, e rezo para que Deus ponha nas bocas das pessoas o nome que eu tô caçando. Deus e eu vamos escrever um livro em parceria.
Falar sobre o meu silêncio é falar sobre mim. Eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu. Só falo tanto de mim porque não sei mais quem eu sou. Só sei que, mesmo que eu possa estar errado, me sinto muito melhor do que antes. E esse eu novo que eu virei, que eu tenho virado a todo momento, parece estar atraindo coisas bacanas e bons momentos. Vou apostar nesse novo eu, sem medo de perdê-lo quando outros eus quiserem chegar.
E sigo atento ao que as outras pessoas têm a dizer, porque rodeado por essa infinidade de outros eus, como eu e todos os seres humanos estamos, é uma ótima oportunidade pra deixar o nosso eu se encontrar por aí, inventar moda, inventar trocas, trocar idéias, e crescer.
Tenho estado mais em silêncio, mas tenho estado mais atento. Se encontrar comigo por aí, me faça um favor: fale comigo, me faça te escutar. E me deixe te escutar. O silêncio, quando bem empregado, é uma arma incrível. E eu tô muito bem armado!
beijinhos de maracujá!
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