domingo, 29 de abril de 2012

Como zune um novo sedã...



Uma leitora anônima do blog Artifício Socialista pediu que nos fosse enviado um texto, de sua autoria, e que aqui compartilhamos, já que a investigação científica acerta da intercessão entre os fenômenos da liberdade e do amor é uma das áreas de interesse deste blog.

Tava numa dor tão surda e apertada, angustiada, nervosa, sem saber porque, mas sabendo exatamente o motivo de tamanha inquietação.
Não tava conseguindo mais dormir. Olhava o relógio, e a cada momento, cada minuto parecia uma eternidade. Me pegava pensando o tempo inteiro naquilo que não queria: naquilo que sabia que ia me destruir. Mas quem disse que a gente manda na cabeça? Quando eu menos queria, estava lá, sendo levada pelos pensamentos, até me cansar, e de cansaço, adormecer.
Adormecer pra acordar no dia seguinte, com a cara grudada no relógio do celular, tentando encontrar qualquer vestígio, qualquer indício que me dissesse que ainda valho a pena, que o efeito que tem sido causado em mim, ainda sou capaz de causar em alguém...
Mas quem disse que o celular respondia afirmativamente? A única coisa que ele fazia era me ignorar, e continuar com aquela cara cínica, apenas me mostrando que eu havia acordado tarde demais.
E tem sido assim: acordar tarde, para comer à tarde, ler para me enganar, conversar pra desconversar com a minha cabeça aquele assunto que ela teima em insistir e eu teimo em tentar abafar.

"Eu". No final das contas, o que ele sempre deseja, é ele mesmo! Não seria isso que diria uma alma mais elevada, despreendida de toda vida material, em pleno contato com o cosmos?
Pois bem. EU. Minha alma não é elevada o suficiente, e nem quero que seja. Quero me enterrar no que sinto aqui mesmo, mas não como uma morta viva! Quero ter os pés no chão, e mesmo assim, conseguir voar, mas não para esse céu dos elevados espiritualmente. Para o méu céu, que meu EU criou.
Se for necessário permanecer em silêncio, que eu fique então. O que não dá mais é pra fingir que o que bate no coração deve ser ignorado. 

Liberdade, afinal de contas, não é isso que queremos? Talvez nem todo mundo, mas quem compõe meu mundo, sei que quer.
E que maior tiro pode ser dado na liberdade do que a prisão do silêncio silenciado por uma mordaça? Dessas mordaças invisiveis que todo dia fabricamos... Nos dedicamos, colocamos nossas vidas para construí-las, tecemo-as cuidadosamente todos os dias, com a finalidade de apenas com o olhar poder dizer aquilo que nos afeta.
O que não percebemos, talvez, é que temos fortalecido cada vez mais nossas mordaças e cortando as mordaças alheias, mandando que outras bocas se abram para dizer daquilo que nós PRECISAMOS FALAR!

Nessa situação, de acordar, beber, comer, ler, dormir, acordar, beber, comer, ler, dormir, tem alguma coisa que não está explicita, mas que ao mesmo tempo grita e bate na cara de quem passar por perto: preciso de liberdade, mas não só... Preciso também de amor...

beijinhos de maracujá!

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