terça-feira, 4 de novembro de 2014

Sobre esses assuntos de amor livre e a questão do descuido


Será que eu sou conservador ao achar que o amor é indissociável do cuidado? Nem a pau! Se não houver cuidado, como pode haver amor?

Eu já pude, em outras ocasiões, declarar que pra mim amor que não é livre não é amor. Tem gente que acha forte, mas eu acho que amor opressor é qualquer coisa, menos amor. Também já falei que amor ainda não existe, que vivemos a pré-história do amor (assim como Marx disse que vivemos a pré-história da humanidade, e que só começaremos a história da humanidade quando acabarmos com toda e qualquer sociedade de classes). Essa segunda declaração (a de que não existe amor, de que estamos na pré-historia do amor) é ainda mais polêmica do que a primeira, e a Lidiane sempre me chama de idealista quando me ouve falando isso.

Mas essa questão do descuido tem a ver com as duas acima, porque amor descuidado não é livre, logo amor descuidado não é amor, e se estamos numa sociedade onde tudo, inclusive o amor, vira posse, não existe amor livre, logo não existe amor.

Já disse em outras ocasiões também que acho que amor livre é experimentação. Aqui está a minha divergência com a Lidiane. O amor não existe, o amor livre é a experimentação de quem quer acelerar a inauguração da história do amor. Cada vez que experimentamos o amor livre, estamos o inventando um pouquinho, ele vai aos poucos existindo, a gente vai dando contornos à possibilidade da sua plenitude.

Para os experimentos e as experimentações do amor livre, um ingrediente indispensável é o cuidado. Amar é se importar, e quando a gente quer amar livre e não se importa, falta liberdade, falta amor. Essa desimportância é afinada com a lógica do amor mercadoria, ao contrário do que muita gente pensa. Os ciúmes são ingrediente crucial pra mercantilização do amor, pra produção e reprodução do amor opressor. Mas romper com a lógica dos ciúmes não é não se importar.

Também a culpa é um componente externo ao amor opressor, mas que o atravessa. A culpa não é algo exatamente do âmbito do amor, é um assunto mais geral, mas também cabe nesse âmbito. E não devemos sentir culpa nas nossas experimentações, mas o caminho pra não sentir culpa não é pouco se importar. Amor é cuidado.

E como se trata de experimentação, tem sempre chance de dar certo ou errado em cada tentativa, algo que vai indo muito bem pode degringolar num certo momento, e não necessariamente estará tudo perdido. Algo que não vai nada bem pode de repente nos surpreender, "pois tudo que se sabe do amor é que ele gosta mesmo de mudar e pode aparecer onde ninguém ousaria supor". Assim sendo, não dá pra gente se demonizar quando a gente reproduz a culpa, os ciumes, o descuido ou quaisquer desses componentes que devemos combater nas nossas experimentações.

Mas de qualquer forma, senti necessidade de escrever esse texto, combatendo o amor descuidado, que é uma contradição em termos, assim como o amor livre é uma redundância.

O AMOR LIVRE ENSINA!

beijinhos de maracujá!

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Sobre a polêmica questão da intolerância religiosa (ou "pequena contribuição sobre a laicidade - parte I")!



Escrevo este texto, antes de mais nada, para discordar de uma tese polêmica que muitas vezes é mecanicamente repetida pela esquerda que defende a laicidade:

CRISTÃS E CRISTÃOS NÃO SOFREM OPRESSÃO POR SUA ORIENTAÇÃO RELIGIOSA!

Provocativamente, eu coloco aqui orientação religiosa, quero deixar registrado que não acho que as pessoas "escolhem" suas religiões. Entendo a religiosidade como um fenômeno cultural coletivo, e portanto por mais que haja ativa participação da pessoa nesta determinação, esta determinação é social, grupal, devida às circunstâncias históricas.

Por isso mesmo sou um defensor intransigente da liberdade religiosa. E a única forma coerente de defender a liberdade religiosa é afirmando a necessidade da laicidade. Quero logo mais falar um pouco sobre ela. De qualquer forma deixo registrado de que do início ao fim deste texto, é sobre laicidade que se fala, e acho que precisamos nos aprofundar mais neste complexo tema, para elaborá-lo, formulá-lo e adjetivá-lo. Quando falo em adjetivar, falo em disputar sentidos, para construir uma concepção de laicidade coerente com a construção de uma sociedade socialista. Toda palavra pode ter diversos sentidos, e a liberdade burguesa liberal, por exemplo, é diferente da liberdade de quem defende um socialismo livre. Assim também a laicidade e a liberdade religiosa devem ser adjetivadas.


Adjetivando a liberdade religiosa:


Toda religião, como fenômeno cultural coletivo, deve ser livremente exercida. A espiritualidade a meu ver é um fenômeno psicológico intrínseco a todo ser humano que busca explicar a sua própria existência e a relação disso com toda a humanidade, com todo o planeta e com todo o universo. A natureza é complexa, e a consciência humana, sempre limitada, incapaz de compreender toda a natureza, apreende apenas parte dessa complexidade, e a espiritualidade é uma forma dessa apreensão. Tal forma exerce um grande poder sobre os comportamentos individuais e coletivos da humanidade. Ainda mais porque a prática humana de criar instituições (ou seja, grupos e organizações com funcões específicas e funcionamentos específicos) acaba se cruzando com a diversidade de espiritualidades individuais. A partir daí, a humanidade começa a criar instituições que coletivizam e buscam homogeneizar mais ou menos as espiritualidades individuais. Essas são as religiões.

Não vou de forma alguma enfrentar essa tendência humana de institucionalizar sua espiritualidade, essa é uma necessidade que muitas parcelas da humanidade, nos quatro cantos do mundo, buscaram para lidar com a realidade, e isso é protetivo pra muita gente, em muitos casos. O problema é que o que é protetivo pode também ser opressivo, e aqui cabe uma demarcação importante, na nossa adjetivação da liberdade religiosa.

A cultura humana deve ser protegida de cerceamentos de liberdade, de opressões à livre expressão cultural, por isso defender a liberdade religiosa. Mas quando as instituições religiosas praticam, reproduzem ou induzem á reprodução de opressões, isso transgride, a meu ver, os limites da liberdade religiosa. Não defendo que qualquer religião tenha liberdade de oprimir, liberdade de retirar liberdades individuais ou coletivas. Inclusive liberdades de outras religiões. E aqui coloco um asterisco na ideia de atritos interreligiosos, também voltarei a ela logo mais.

Ainda na adjetivação da intolerãncia religiosa, acho que as religiões precisam todas construir entre si e com toda a humanidade um pacto de respeito mútuo, não só entre religiões, mas também com cada pessoa individualmente, independente de sua vinculação ou não com religiões. Esse pacto deve ter como objetivo a busca para aumentar a capacidade protetiva das instituições religiosas, e simultaneamente diminuir sua capacidade opressiva.



Dito de outra forma, uma pessoa pode se sentir muito bem com uma religião, e conseguir elaborar muitas de suas questões, mas se as pessoas sofrem por ter que seguir as regras de uma religião, isso é um sinal de que algo TALVEZ esteja errado. Mas ainda acho que cabe, se a pessoa opta por compôr uma coletividade religiosa, ela está subscrevendo suas regras. Coloquei aquele talvez em caixa alta porque, entre outros motivos, não acho que ninguém simplesmente opte por aderir a uma religião. Como disse no início do texto, acredito que se trata SEMPRE de um processo histórico de orientação religiosa. Na vida de cada indivíduo se reproduz uma versão específica do processo histórico de toda a humanidade, na busca por entender sua relação com a natureza.

Mas isso pode ser ainda mais grave: a instituição religiosa pode querer impor um estilo de vida para pessoas de outras religiões ou de nenhuma religião. Isso inclusive fere o direito dessas pessoas, de outras religiões ou de religião nenhuma, de viverem sua própria espiritualidade. Aqui há indiscutivelmente um ato de exercício da capacidade opressiva da instituição religiosa. O direito de fazer isso para mim não é direito de liberdade religiosa, é direito de oprimir em nome da religião.

Dito ainda de uma terceira forma: acho que qualquer religião que quer exercer livremente suas práticas, não pode ter em seu repertório práticas que ferem a liberdade alheia. Eu não tenho o direito de intervir na religião de ninguém, ela diz respeito apenas às pessoas daquela religião (auto-organização religiosa). Mas eu defendo que acabe o direito de auto-organização religiosa assim que essa hipotética religião comece a intervir na auto-organização de outras religiões ou em quaisquer outro tipos de liberdade externas a ela (como querer impor através do Estado suas convicções religiosas particulares para toda a população de um país, por exemplo). Não podemos impedir a intervenção em uma religião que intervém na privacidade ou na coletividade alheia, pois isso seria permitir a ela super-poderes sobre a vida de pessoas e coletividades. Isso seria (não sei se é o melhor termo mas por enquanto o usarei) libertinagem religiosa. Defendo que separemos a liberdade religiosa da libertinagem religiosa (ou direito de oprimir).

Dito que defendo que religião nenhuma pode ter o direito de oprimir, quero falar só mais um pouquiho sobre a auto-organização religiosa. Se a religião é de fato uma construção histórica coletiva e cultural, não é um fenômeno imutável. Por mais que as religiões se entendam como eternas manifestações da vontade de Deus ou Deuses sobre a terra, é nítido pra qualquer análise inteligente que TODAS AS RELIGIÕES MUDAM AO PASSAR DO TEMPO, e acredito que isso seja graças ao fato de serem expressões humanas, através de ações humanas, do que grupos de seres humanos acreditam ser vontade divina, de nível espiritual. Portanto, há política na disputa dos rumos futuros da religião. Toda religião muda, para que rumo mudará, isso depende da correlação de forças dentro das religiões.

Por exemplo, se uma pessoa LGBT quer o direito de vivenciar sua sexualidade sendo de uma religião que não o permite para seus membros, cabe a ela como membra desta instituição fazer a disputa interna, e no tempo histórico que for possível, um movimento coletivamente organizado poderá ou não efetuar tais mudanças. Nenhuma pessoa sozinha transforma uma religião ou qualquer outra instituição sem um movimento coletivamente organizado que lhe dê sustentação, é sempre a luta coletiva que transforma a história, ainda mais se o que se deseja são transformações progressistas.

Já no caso de uma pessoa LGBT que sobre opressão, pela vivência que faz ou pretende fazer da sua sexualidade, sem ser membra da instituição que a oprime, isso precisa ser combatido, e aí não é apenas um movimento auto-organizado (dentro da religião) que tem o direito de travar tal combate, mas todos os setores da sociedade que discordam de tal opressão. Claro que com isso, a disputa interna, ou seja, a auto-organização dentro da religião, ajuda os movimentos extra-religiosos nesta luta progressista. Do mesmo jeito, o caso do parágrafo anterior, uma mudança interna, redesenho na doutrina e redesenho cultural, tem mais chances de se efetivar quando há movimentos fortemente organizados fora da religião, no seio da sociedade como um todo, conquistando avanços e transformado toda a sociedade.



Com isso insisto: movimentos progressistas não devem combater as religiões, nem ferir sua liberdade religiosa, mas defendê-la e apoiar os movimentos internos a essas instituições religiosas que têm posições progressistas.

Gostaria aqui de declarar meu respeito particular pela existência de um movimento chamado "Católicas Pelo Direito de Decidir". Organizações assim me fazem ter esperança na humanidade. São feministas católicas que entendem a laicidade e a reivindicam. A partir disso, defendem a legalização do aborto, sabendo que isso não fere seus princípios religiosos, apenas limita a libertinagem da religião delas. Esse parágrafo é dedicado a este movimento e ao amor pela humanidade que elas fazem aumentar em mim. O cristianismo radical que eu sempre admirei me parece estar por trás de movimentos como este.



Agora sobre a questão da suposta "não existência de intolerância religiosa ao cristianismo". A gente se deixa levar por uma lógica simplista: como o cristianismo foi historicamente uma religião opressora (tanto a povos colonizados, a indívenas e negrxs, a LGBT's, a mulheres, etc.) e ainda é uma religião opressora, logo não há opressão a cristãs e cristãos. Eu não concordo. Até mesmo as versões mais conservadoras, reacionárias e fundamentalistas (pra chamar assim) de cristianismo podem sofrer opressão. A opressão não é sempre igual em diferentes tipos de opressão, o mecanismo do "oprimir"/"sofrer opressão" tem traços comuns que fazem de todas elas opressões, mas há particularidades que fazem delas opressões diferentes, e até mesmo pela resistência às opressões causadas pela hegemonia cristã, foram criadas estratégias opressoras contra o cristianismo. As pessoas se sentem atacadas por sua vivência espiritual e por sua vinculação a determinada instituição religiosa, isso é sofrer opressão. Faço essa defesa. Inclusive acho ruim que esse fenômeno ocorra, porque no âmbito da disputa de consciência, isso tende a gerar um engessamento das posições conservadoras, diante da sensação de estar sofrendo ataque emerge a necessidade de defesa, e essa posição defensiva muitas vezes se manifesta através de um fechamento às ideias progressistas, como se elas fossem em essência opressoras contra o cristianismo. Precisamos fazer dos movimentos progressistas de combate às opressões e à exploração capitalista movimentos que não pratiquem nenhum tipo de intolerância religiosa. A laicidade precisa permear todos os nossos movimentos.

No entanto, é preciso fazer algumas distinções, porque eu também não concordo completamente com a versão de alguns setores cristãos sobre a intolerância religiosa sofrida pelo cristianismo.

Em primeiro lugar, insisto, o cristianismo é em muitos países e entre eles no Brasil, religião hegemônica, e pratica opressões MUITO MAIS do que sofre. Não acho justo cristãxs se vitimizarem pela intolerância sofrida e não reconhecer a intolerância praticada pelo cristianismo, seja religiosa ou de quaisquer outros tipos. Acho que está colocado para o cristianismo um desafio de combater as práticas opressivas dentro do próprio cristianismo, mesmo porque elas também têm alimentado parte das opressões praticadas contra cristãxs.

E também acho importante o cristianismo perceber que, quando tratamos de intolerância religiosa, o exemplo mais nítido da existência dessa opressão NÃO É a sofrida pelo cristianismo. As religiões de matriz africana por exemplo, são muito mais oprimidas do que as cristãs. O racismo se acumula na intolerância religiosa. O cristianismo tem uma história que não pode ser apagada, é uma religião que nasceu antiimperialista e combatida pelo império, mas depois se deixou cooptar pelo império e virou a religião oficial do império romano. Viveu todas as suas transformações junto com a história da Europa e depois foi levada para as colônias no processo de colonização. Foi assim que o cristianismo chegou ao Brasil, como ideologia que justificava assassinatos, escravidão, estupros, roubos de terras, torturas e todo tipo de atrocidades. Um cristianismo que não admite essas práticas, e que não luta pra combater as opressões que, hoje, ainda mantém essas práticas do passado vivas como práticas do presente, não pode dizer que apenas sofre intolerância religiosa. Em resumo: 1) o cristianismo mais pratica opressões do que sofre; 2) outras religiões sofrem mais opressões no Brasil do que o cristianismo. Essas duas coisas precisam ser admitidas pelo cristianismo que se quer laico e ecumênico.

Há também uma terceira questão, relativa às opressões intracristãs, entre as várias denominações, e também entre o catolicismo e os protestantismos, mas não entrarei nestas nuances aqui. Não hoje.

Adjerivando a laicidade:



Quero terminar este texto iniciando um esboço de adjetivação da laicidade. Como é de costume no blog artifício socialista, peço que opinem para que eu possa aperfeiçoar as ideias aqui apresentadas. Peço principalmente opiniões de pessoas cristãs, já que há um foco neste texto, mas não apenas. De qualquer forma ressalto: quero abrir um dialogo com as várias formas de cristianismo progressista que hoje existem, e se puder ajudar a fortalecê-los, e também a fazer com que novas formas de cristianismo progressita surjam, melhor ainda. Mas não é apenas o cristianismo que requer setores progressistas na sua auto-organização, apenas se trata da religiosidade hegemônica no Brasil e na América Latina.

Laicidade diz respeito a uma relação mútua de respeito e não interferência entre Estado e religião. Para nós, que queremos o fim do Estado, uma questão colocada é se queremos o fim da religião também. Numa sociedade futura, em que não haja mais Estado, haverá espaço para espiritualidades institucionalizadas? Eu não tenho opinião profundamente formada sobre este ponto, e isso não cabe a apenas uma pessoa decidir, já que um processo revolucionário cabe a toda a humanidade e diz respeito á posição de uma nova maioria que se instala, da maioria ampla da sociedade. Mas defendo a opinião de que as religiões devem ser reformadas por seus membros e, onde for necessário, diretamente por toda a sociedade. Onde não for necessário intervenção direta da sociedade, a própria transformação radical de tudo na sociedade estará dialeticamente e indiretamente influenciando as disputas internas das religiões. De qualquer forma, acho que a forma libertária de transformação das religiões, no objetivo estratégico de aumentar suas capacidades protetivas e diminuir suas capacidades opressivas se dará através dessas formas de luta. Portanto aposto que em uma sociedade sem estado, teremos religiões como patrimônios culturais da humanidade, em relação ecumênica, religiões que não tenham características estatais.

No entanto a origem da religião e a origem do estado têm um processo comum, e ele é o da exploração humana pautada na propriedade privada. E no presente, onde existe o estado, a laicidade é um valor fundamental. Nasce a laicidade da necessidade de combater a vinculação das religiões dominantes com o estado. A ideia é justamente de que é possível combater a opressão praticada por religiões sem combater as religiões e o direito a praticá-las.

A laicidade é como já disse mútua, ou seja, tem mão dupla. Laicidade não é apenas a religião não podendo interferir no estado, mas também o estado não podendo interferir na religião. Nem pode uma doutrina religiosa ser imposta ao estado, nem pode o estado impedir a religiosidade de se expressar, seja ela qual for, nem impôr à religião valores externos. A religião se auto-organiza, enquanto não estiver oprimindo. E ponto.

Ouvi de um amigo certa vez, sobre a laicidade, que o cristianismo feriu a laicidade quando virou a religião oficial do império romano, e que para isso acontecer, tanto o império teve que estar já muito degenerado, pra praticar a cooptação de uma religião minoritária (claro que já estava, afinal, já tinha sua religião oficial antes, apenas a trocou pelo cristianismo), quanto o cristianismo também teria que estar profundamente degenerado, para aceitar ser cooptado e se tornar religião estatal. Toda vez que uma religião quer se impôr sobre uma política pública universal, ao invés de ser uma religião entre outras, é essa degeneração que está colocada.



Em outro texto pretendo falar sobre a relação entre as lutas antimanicomial/antiproibicionista e a laicidade. Adianto desde já que o estado a serviço de formas de tratamento que objetivam a converter pessoas em nome da saúde, não são práticas com finalidade de libertar pessoas através do contato de Deus. É gente de carne e osso que ganha dinheiro de acordo com o número de fiéis, e que faz uso do sofrimento das pessoas para aumentar seu número de fiéis e engordar seus bolsos. No cristianismo isso é condenável, pelo que eu me lembre. Defendo que um tratamento laico e antimanicomial deva considerar, onviamente, a religiosidade de cada pessoa, mas a instituição de tratamento financiada pelo estado não pode ser vinculada a nenhuma religião, afinal, a religião que em alguns casos pode ser protetiva e ajudar na saúde da pessoa, pra outros casos pode estar sendo imposta e prejudicar o tratamento. Mas esse é assunto pra outra história.

Espero ter contribuído para o debate da laicidade, e espero que as pessoas, mesmo que discordando do conteúdo, aceitem de coração aberto a necessidade de ampliar esse debate. Minha iniciativa tem esse objetivo, e o nosso tempo pede que entremos urgentemente e cada vez mais nessas questões. Religião se discute SIM!

beijinhos de maracujá!

domingo, 15 de junho de 2014

O Método da Demolição

(Do livro de poesias 
"
Análise 
Científica 
Acerca da 
Poesia 
Através do 
Método da 
Demolição
", que estou escrevendo
).


Eu não conheci

(Ao menos nesta encarnação)

Método mais cruel

Do que o da demolição.


Fora alguns problemas

(A poeira levantada,

A paisagem destruída,

A manada desolada),


É o que apresenta

A maior precisão,

Pois faz emergir a verdade

Dos restos caídos no chão.


Não pode haver nesse mundo

Método mais adequado

Pra objetos que, unânimes,

Se tornam velados.


Tornam-se tão intocáveis,

Tão acima do chão,

Que pedem desvelamento

Via método da demolição.


Como eu amo a ciência,

Prosaica e necessária!

Ela nos dá decência,

Faz jus a quem bem pensa,

Cuida da nossa paciência,

Empodera a consciência

E se mostra dona da área.


E é por amor à ciência,

Compromisso com a verdade,

Que escrevo este tratado

(Não ha nada de vaidade!)!


E pra objetos inflados,

Tão assim, disseminados

No seio da população,

É que apresento esta arma

Que, do senso comum, é karma:

O método da demolição!


beijinhos  de maracujá

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Para a monografia: pessoas e grupos revolucionários devem tentar disputar os rumos das políticas sociais no sistema do capital? (ou Sobre o modo de lidar com a democracia burguesa sem sofrer cooptação)


Pretendo fazer uma pequena digressão em bainstorm sobre um problema que tem me atormentado, e sobre alguns problemas afins. Meu problema principal aqui neste texto é se convém ou não a revolucionários querer tomar os rumos das políticas sociais, é um problema bem geral, como podem ver!

Este texto remete a outro, que pode ser encontrado no link: http://artificiosocialista.blogspot.com.br/2014/04/primeiro-rascunho-resumidissimo-de.html, tratando de assuntos referentes ao terceiro, quarto e quinto temas listados, em especial o quarto: "a forma como o Estado se organiza (o tema da burocracia), as múltiplas formas como as classes sociais se portam diante das políticas sobre drogas aplicadas por este estado, e as formas de a classe trabalhadora conferir rumo revolucionário para tais políticas". Não me aprofundarei muito sobre o quinto tema, ou seja, qual é o rumo revolucionário, mas sobre as formas de a classe trabalhadora conferir rumo revolucionário para as políticas sociais (sobre drogas ou quaisquer outras), eu tenho uma pré-tese a defender: a de que existem dois patamares de disputa dos rumos das coisas públicas e da vida social, um patamar reformista (democracia formal, semi-consentida e semi-conquistada) e um patamar revolucionário (democracia real e substantiva), e de que a disputa desses rumos, ou seja, a gestão democrática das coisas públicas e da vida social, dentro do sistema do capital, hoje, só pode se dar no patamar reformista, mas isso não implica nem que devamos abandonar tal disputa, o que seria uma postura muito mais omissa e derrotista do que revolucionária, nem nos entregar completamente a essa disputa reformista, o que tende à cooptação, à institucionalização e à neutralização do nosso potencial de luta revolucionária. Minha pré-tese é a de que devemos circunscrever o patamar revolucionário como horizonte no patamar reformista.

O patamar revolucionário de gestão democrática das coisas públicas e da vida social, tem a ver com o quinto tema do rascunho linkado acima. É algo que não temos no Sistema do Capital, e que nele não temos condições de ter. Em um patamar revolucionário de democracia, que deve ser real e substantiva, ao invés de meramente formal e institucionalizada, as pessoas devem ter direito de decidir, e essas decisões devem ter poder de mudança real sobre a realidade vivida. Todos os processos produtivos e reprodutivos precisam ser decididos por quem os executa. A tarefa de administrar as tarefas executadas precisa ser coletivizada, ou seja, precisamos acabar com a separação entre pessoas que administram e não executam, e pessoas que executam e não administram. Ironicamente, na nossa sociedade, no atual patamar do Sistema do Capital, quem administra sem executar é chamado entre outros nomes de "executivo", e quem executa sem administrar é chamado, entre outros nomes, de "colaborador", como se o fazer de fato fosse uma mera colaboração. Essa separação entre quem decide e quem executa, além de nociva para o futuro e presente da humanidade, também é a tecnologia racional para garantir que os interesses da burguesia sejam a tônica das tarefas executadas. os funcionários executivos têm salários mais altos do que os operários, e administram de acordo com ordens que vêm de cima. Num patamar revolucionário de gestão da vida social e das coisas públicas, as decisões serão "de baixo para cima", já que os operários serão de fato os proprietários das coisas públicas e da vida social, e todo processo produtivo será a serviço de quem trabalha e de quem usa o fruto deste trabalho, seja esse fruto da natureza de bens ou de serviços. A gestão de cada processo particular da vida social, e de cada coisa pública em particular, terá como principais protagonistas aqueles que estão diretamente ligados com aquilo, ou seja, os trabalhadores daquele processo e da produção/reprodução daquela coisa. Mas é preciso que cada grupo de trabalhadores e usuários esteja em rede com todos os demais grupos, conectando toda a sociedade, neste patamar revolucionário. Essa rede deve ter formas criativas, democráticas e abertas de circulação das informações, e cada grupo particular deve decidir não apenas questões locais, mas também globais, passando por várias esferas (serviço, bairro, município, microrregião, estado, região, país, continente e inclusive a nível internacional). Questões relativas a todas essas esferas devem estar em pauta em cada cantinho do mundo, e a síntese disso deve servir como cenário, em constante reatualização, de todas as decisões sobre os processos particulares da vida social e sobre todas as coisas públicas particulares. Cada local de estudo, trabalho, lazer, promoção de saúde, habitação, segurança, enfim, todos os âmbitos da vida coletiva devem estar (respeitando a individualidade, sem cair no individualismo) sob gestão dessa rede democrática, para que alcancemos um patamar revolucionário da gestão da vida social e das coisas públicas.

Mas o que vivemos hoje é o patamar reformista, ou seja, há um grupo muito restrito de seres humanos que decidem os rumos da humanidade, e que concedem em pirâmide descendente poderes deliberativos para outros seres humanos, apenas quando isso facilita a manutenção de seu poder e de seus privilégios. Nessa lógica, o ideal seria que os setores empresariais, latifundiários e afins, pudessem decidir todas as coisas, sem conceder poder decisório algum a ninguém que não fosse dessas elites, mas os conflitos internos nessas elites e, principalmente, os conflitos entre estas elites e os setores explorados, geram tensões sociais que colocam o status quo em risco. Isso pede racionalidade na gestão da vida social e das coisas públicas, pede inclusive que tornem-se públicas algumas coisas que as elites gostariam de manter privatizadas (mesmo que aplicando modelos privatizantes sobre essas coisas públicas). Em outras palavas, as lutas de alguns setores coletivamente organizados ou não dessa parcela explorada e mais oprimida da humanidade, contra os privilégios dessas elites, e pelo direito de participar da gestão da vida social e das coisas públicas, força as elites a concederem parcialmente poderes para representantes desta parcela, ou para "executivos" que gerenciem a democracia formal no lugar dessa parcela explorada. Isso quer dizer que a democracia formal é em parte concedida pelas elites dirigentes, mas não dá pra afirmar apenas que ela é consentida, porque esse consentimento é fruto de lutas por conquistas. Porém não podemos dizer também que ela é apenas conquistada, o que seria uma visão romantizada da democracia formal, já que ela é conquistada, mas semi-consentida, ou seja, só conseguimos conquistar democracia, dentro do sistema do capital, nos marcos do que é aceitável para que as elites não percam o domínio do sistema tal como está.

E quais são esses marcos. Já tivemos algumas pistas: é uma democracia fundada na lógica da representatividade, e deve ser sempre o mais representativa possível, distanciando as pessoas na participação direta dos processos decisórios. Se possível, inclusive, as elites desejariam que essa democracia fosse meramente consultiva, e essa é uma segunda tendência da democracia consentida. Outra tendência é a legitimar representantes, ou grupos representativos, apenas quando eles não se insurgem contra o status quo. Quem topa participar da democracia formal dentro da arena limitada, dentro das regras do jogo que favorece a vitória dos interesses das elites nesta democracia, vai ser tratado como um democrático e respeitável perdedor. Quem topa ser cooptado ou neutralizado pela institucionalidade é mais bem vindo ainda. Mas qualquer pessoa ou principalmente, qualquer movimento coletivamente organizado que se insurja contra as regras limitantes da democracia formal, e busquem radicalidade democrática, rompendo por exemplo com a tendência à representatividade ao invés da opinião plural, e com a tendência à consultividade ao invés do poder deliberativo das massas, é criminalizado, reprimido, até mesmo exterminado. Para as elites sai caro reprimir toda forma de questionamento, e causa muita instabilidade no status quo, por isso a preferência por neutralizar e/ou cooptar opiniões distintas, mas a criminalização e a violência são dispositivos dos quais sempre se pode lançar mão. Por fim, outra característica que no momento julgo importante apresentar, quando tratamos da democracia formal, do patamar reformista, é que as coisas tendem a ser privadas, o privado é sagrado, as coisas públicas tendem, cada vez mais, a serem submetidas a algum dos vários modelos privatizantes que as tecnologias racionais de gestão têm criado, para que a lógica da propriedade privada esteja regendo a vida social. Disputar os rumos da vida social e das coisas públicas dentro da arena da democracia formal, burguesa, semi-consentida/semi-conquistada, é necessariamente uma disputa reformista.

Então porque revolucionárias e revolucionários se meteriam numa disputa desta natureza, de patamar reformista? Em primeiro lugar porque as condições objetivas do atual sistema não nos permitem o patamar revolucionário de gestão hoje. Ser revolucionário não é exercer hoje o patamar revolucionário, deixando de exercer o patamar reformista, porque isso é objetivamente impossível. A democracia que existe é a formal. A democracia real e substantiva ainda está para ser criada. A pré-tese que defendo aqui, é a de que o bojo da democracia formal, do patamar reformista de gestão, é contraditório, e parte do exercício e da experimentação do patamar revolucionário de gestão, pode acontecer neste terreno contraditório. Mas há um dispositivo essencial para que a outra parte desse exercício e dessa experimentação ocorra, um dispositivo que é justamente um dos principais objetos de criminalização e cooptação por parte do sistema do capital. Estou falando dos movimentos sociais. Precisamos exercitar a democracia real, o mais direta e capilarizada possível, nos movimentos sociais, para que as pessoas possam vivenciar a grande política, a nova cultura política, dentro dos movimentos, e vê-la como diferente da pequena e velha política, essa da delegação de poderes que retira poderes da maioria. Os movimentos sociais precisam ser espaços de exercício e experimentação do poder popular. Esses movimentos sociais devem se organizar para disputar os rumos das políticas públicas, para disputar os rumos das coisas públicas e da vida social. Espaços de democracia formal como conselhos e conferências, precisam ser ocupados por movimentos sociais que superem a burocratização hoje vigente na maioria dos movimentos sociais tradicionais, e que permitam às pessoas experimentar formas eficazes e substantivas de democracia de massas. Ou seja, as massas precisam ser não apenas setores levados por movimentos sociais que formulam, as massas precisam ser as formuladoras das posições dos movimentos sociais. Os representantes desses movimentos sociais na democracia formal, precisam pôr em cheque as regras do jogo dentro dos espaços como conselhos e conferências, ou mesmo espaços do legislativo, executivo e até do judiciário. Essa é a tese da circunscrição do patamar revolucionário como horizonte no patamar reformista de gestão da vida social e das coisas públicas.

Claro que todas e todos contribuímos para que a realidade social esteja como está, claro que todas e todos somos, em algum grau, autoras e autores coletivos deste cenário, mas o nível de efetividade sobre a realidade, por parte de alguns atores e de algumas instâncias deliberativas é inegável. O MPOG tem mais poder sobre o regime de trabalho dos professores universitários do que o ANDES e mais poder sobre o regime de trabalho dos servidores técnico-administrativos das universidades do que a FASUBRA, as decisões da Miriam Belchior têm mais efeito objetivo sobre a vida das pessoas nas universidades do que as de um professor universitário ou servidor técnico-administrativo qualquer. É importante ressaltar isso. O presidente da FIFA tem mais poder decisório no atual funcionamento metabólico do sistema do capital do que uma moradora de uma favela carioca. Não dá pra gente igualar os poderes decisórios de pessoas que estão em patamares diferentes do organograma geral da democracia formal, na nossa sociedade. São diferenças objetivas, e subjetivá-las não ajuda em nada na análise da realidade vivida, nem em sua transformação. Muito pelo contrário. Ledir Porto e um popular de rua da Ilha do Príncipe não têm opiniões de peso igual sobre a atenção à saúde de usuários de drogas no estado do Espírito Santo hoje. Alguém discute esse fato?

Até aqui o debate foi muito geral, inclusive dando muito pouca atenção ao terceiro tema listado naquele rascunho cujo link já coloquei lá no início deste texto. Mas quero encerrar tratando um pouquinho deste assunto: quais seriam os componentes da direção que revolucionárias e revolucionários tentariam dar à política sobre drogas no atual patamar reformista da vida humana no planeta terra, mais especificamente na realidade capixaba e da Grande Vitória? Começo por distinguir dois projetos. A perspectiva da Guerra às Drogas com as suas várias nuances, unificadas pela moralização do uso de drogas, pelo equívoco de tratar todos os usos de drogas como usos problemáticos, pelo equívoco de remeter os danos do uso de drogas à droga em si, como se o proibicionismo não potencializasse esses danos, e como se a lógica compulsiva, consumista, individualista da nossa sociedade capitalista não ajudassem a potencializar mais ainda os danos das drogas. A perspectiva da Guerra às Drogas determina que se gasta mais dinheiro com polícia e armas do que com uma Rede de Atenção Psicossocial, e que o dinheiro investido na questão da saúde de quem usa drogas seja mais voltado para comunidades terapêuticas privadas/religiosas (que dão voto) do que para CAPS AD, programas de saúde mental AD em unidades básicas de saúde nos bairros, equipes de Consultório na Rua, programas de Redução de Danos, etc. O segundo projeto está sintetizado justamente nisso que o projeto anterior se nega a investir. Mas além da Rede de Atenção Psicossocial, com Consultório na Rua, Redução de Danos e CAPS AD, esse segundo projeto é focado na educação de qualidade, na aposta de que usuários de drogas sofrem muito menos danos das drogas quando vivem em comunidade, sem sofrerem preconceitos pelo seu uso, tendo condições de trabalho e habitação, acesso a formas de uso menos danosas, sem proibicionismo, sem perseguição, violência e extermínio, sem a obrigatoriedade da abstinência como tratamento. A abstinência não é um inimigo das revolucionárias e dos revolucionários, vejamos bem que essa diferença é sutil, nossa inimiga é a obrigatoriedade da abstinência. Assim como o tratamento em uso deve ser um direito, o tratamento em abstinência também. Outra inimiga nossa é a produção do desejo de internação, quando se supervaloriza o poder da internação no enfrentamento ao uso de drogas. A internação compulsória e as comunidades terapêuticas são também uma dupla de inimigas. Há outros elementos no marco da elaboração de um projeto sobre a questão das drogas que se contraponha ao projeto assassino e lucrativo da Guerra ás Drogas. Disputar este rumo no marco de um patamar reformista da gestão da vida social e das coisas públicas, inscrevendo aí um patamar revolucionário, tendo como paradigma o da redução de danos, é a síntese da tese que quero desenvolver nesta monografia e em trabalhos futuros.

As ideias ainda estão muito confusas aqui, mas já estiveram mais. O esforço da escrita me ajuda a elaborar melhor essas ideias, mas também me dá oportunidades de receber ecos de como soam essas idéias, quando expostas ao oxigêncio, por isso peço muito que as pessoas que por ventura vierem a ler este texto possam opinar, fazer críticas, dar dicas, comentar onde as ideias estão funcionando melhor, para que eu possa aperfeiçoar esses escritos.

Para quem conferiu o primeiro rascunho da monografia, cujo link já citei várias vezes que está lá no início deste texto, foi possível perceber que alguns debates não foram tratados aqui. Terei outras oportunidades para falar melhor sobre a temática das drogas e sobre a temática da avaliação das políticas públicas e sociais, assim como para voltar aos temas aqui tratados. Muito obrigado por ter acompanhado esse texto até aqui, e espero que consigamos escapar das armadilhas da cooptação, da institucionalização e da burocratização. A construção do poder popular é uma tarefa da qual defende o futuro da humanidade! Essa é uma pequena gota de contribuição para essa nossa árdua tarefa!

beijinhos de maracujá!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Poema de um feriado


Se o amor
É brincar
Tão sério,
Nosso amor
É puro
Mistério...

A pergunta
Que não quer
Calar:
Por que o amor
Nos escolheu
Pra seu lugar?

beijinhos de maracujá!

terça-feira, 22 de abril de 2014

Sete apontamentos para a construção de uma sociedade democrática


1 - Cada pessoa deve ter poder de gestão sobre a sua própria vida e sobre todas as esferas determinantes de sua vida, desde sua própria vida e casa até toda a espécie humana e todo o planeta Terra, passando por sua vizinhança, sua quadra, sua rua, seu bairro, seu município, sua escola ou faculdade, seu local de trabalho, a unidade de saúde de seu bairro, as escolas do bairro onde mora, os demais serviços públicos de que faz uso, seu estado, seu país, seu continente, o sistema de transporte da cidade e região onde mora. Tudo o que é voltado para o atendimento de interesses coletivos, ou que a população decidir que deve se voltar a tais interesses, deve ser submetido ao poder deliberatório de todas as pessoas do planeta;

2 - O espaço de mediação deste poder de cada pessoa deve ser um ou mais grupos de que essa pessoa faz parte, seja em seu bairro, local de estudo, de trabalho, nos serviços que faz uso, etc. A gestão de todos os âmbitos da vida deve ser uma gestão coletiva, pautada no fraterno debate em que a coletividade consiga produzir sínteses das posições individuais, respeitando as divergências, mas buscando saídas coletivas na formulação de posições e processos;

3 - Esses diversos grupos, com caráter de mediação entre as várias posições individuais, precisam se articular através de redes, compartilhando as informações produzidas por cada grupo, que sintetizem as posições das pessoas que lhes compõem, para que possamos ter saldos das posições de todo o tecido social. Esse nível de organização precisa garantir o máximo possível de decisão democrática e construída coletivamente, com o mínimo possível de burocratização. Isso implica em formas criativas de promover debates e de deliberar posicionamentos e ações;

4 - A articulação desses grupos precisa ser coordenada por alguma instãncia. No entanto, isso precisa ocorrer de uma maneira que não gere cargos privilegiados a ser ocupados por uma elite dirigente. Por isso, cada grupo ou conjunto de grupos deve escolher, periodicamente, alguém que fique com a tarefa de ajudar na síntese de informações produzidas pelos grupos, nos diversos níveis, e fazer com que essas informações voltem para os grupos, e que seus efeitos nos grupos voltem para as instâncias. A atuação desses cargos precisa ser fraternamente monitorada dentro dos grupos, buscando que eles sirvam aos grupos, e não os grupos a eles;

5 - Periodicamente devem ocorrer grandes plenárias, tratando de temas centrais, relevantes para um grande contingente populacional, temáticas gerais ou específicas, mas que tenham respaldo em muitos grupos. O objetivo é de ser um espaço inclusive para encontro presencial entre vários grupos, e troca de experiência entre eles. Fundamental, porém, que esse espaço seja um fruto da experiência cotidiana de democracia real nos vários grupos, e que contribua para que essa perspectiva avance.

6 - É fundamental que essas pessoas organizadas em grupo se sintam à vontade para participar deste sistema decisório. Para isso, precisamos superar o formato tradicional de política de nossa sociedade, em que faz-se da política algo chato, que não temos interesse em nos envolver, e delegamos para alguns poucos iluminados tal poder. A política deve se tornar algo prazeroso, não apagando a seriedade e importância de sua execução (mesmo que não prazerosa), e sim trazendo elementos que conquistem as pessoas para a perspectiva de inserir cada vez mais no cotidiano de toda a humanidade a prática do debate coletivo e da decisão que atenda ás várias sensibilidades sociais, num projeto de emancipação social.

7 - Precisa haver constantes espaços, escolares e não-escolares, de formação de todas e todos para as práticas democráticas. É preciso dar condição para que as pessoas participem da gestão das suas vidas, como quadros políticos são formados por algumas organizações militantes. Mas essa formação deve ser para toda a população. Uma certa perspectiva desses espaços de formação deve estar ligada à formação humana desde os primeiros meses de vida, até a inserção na vida escolar, com o hábito de inserir todas e todos nos processos decisórios independente de idade.

beijinhos de maracujá!

sábado, 19 de abril de 2014

O que leva alguns estudantes a virarem capachos da reitoria? (parte I)


Esse texto é uma primeira aproximação com um tema muito sério para todas e todos que vivem o cotidiano da universidade, em especial para quem é estudante. O fenômeno que o movimento sindical brasileiro chama de "peleguismo" também existe no movimento estudantil, e o blog Artifício Socialista quer contribuir para este debate.

PELEGO é uma espécie de pano ou tapete cuja função é forrar a pele de um animal de montaria, sob a cela, para amortecer o impacto da pessoa que monta no lombo do animal. No movimento sindical da era Vargas, quando o governo buscava acompanhar de perto a dinâmica da organização trabalhista, entendê-la e cooptar este movimento, colocando dentro dos sindicatos pessoas sem compromisso com os interesses dos trabalhadores, e sim com os interesses dos patrões e do governo, foi criado pelo sindicalismo de esquerda, combativo e a serviço dos interesses da classe trabalhadora, esse segundo sentido do termo PELEGO: o sindicalista que fica entre o lombo do trabalhador e a bunda do patrão, amaciando, facilitando pro patrão manter seu lucro, e o trabalhador se manter na sua situação de explorado.

Isso também existe no movimento estudantil. Por exemplo, na UFES, onde eu estudo (apenas até agosto, se Deus quiser), tem muito pelego dentro do DCE. Uma galera que fecha com a reitoria, uma galera que fecha com o governo federal. O projeto educacional aplicado hoje no Brasil é claramente pra dar espaço pra estratégias de privatização, formar mão de obra qualificada e barata pro mercado de trabalho, sem preocupação com a formação crítica, ou seja, uma formação contrária às necessidades estudantis, comprometida com uma universidade precarizada, sem democracia na gestão do processo educacional, com MUITA exploração das trabalhadoras e trabalhadores da educação. E tem estudantes que disputam eleições e ocupam entidades pra defender esses interesses, do governo e das reitorias. A Reitoria da UFES (como muitas em todo o Brasil) tem compromissos com o empresariado capixaba, com as elites e com a manutenção da universidade elitista que temos hoje.


Vou dar um exemplo prático de como operam na prática os interesses dos aliados da reitoria:

A POLÊMICA DO RU NA GREVE DE 2014

Não entrarei com profundidade no mérito da legitimidade das lutas do SINTUFES no ES e da FASUBRA no Brasil. Resumidamente, não estão nem pedindo aumento salarial, apenas cumprimento do acordo da greve de 2012, e questões relativas à melhoria da universidade brasileira (fim das terceirizações, 10% do PIB pra educação pública, condições de trabalho pros profissionais da educação e de estrutura pro ensino, etc.). A greve é uma forma de lutas legítima, e teremos oportunidade de conversar sobre isso aqui nesse fanzine, em um texto especificamente sobre essa forma de luta chamada GREVE!

Acontece que a greve tem dois níveis de luta e conquista: um nacional e outro na UFES. A nível nacional, a presidência, os ministérios do planejamento e da educação são os patrões, a nível de UFES o patrão é a reitoria. E a reitoria pode abrir um caminho de negociação (o que apressa a resolução do impasse da greve) ou não abrir diálogo. Pior do que isso, Reinaldo Centoducatte escolheu o caminho de enfrentamento indireto à greve. Como ele está fazendo isso?

Por um lado ele se recusa a negociar, tratando trabalhadores como lixo, e por outro ele utiliza como instrumentos de enfraquecimento da greve uma parte do DCE. Ou melhor, duas partes. As chapas Conecta e F5 estão ambas sentadas no colo de Reinaldinho, brigando entre si pra ver quem é mais oportunista (vou explicar esse OPORTUNISMO, calma!), e a reitoria está muito feliz com isso, afinal, Deus dá a cada ser humano duas pernas, tem uma pra cada chapa oportunista sentar. Os interesses da reitoria são CAMUFLADOS de interesses dos estudantes, e aí essas chapas fazem alvoroço se proclamando REPRESENTANTES DOS INTERESSES ESTUDANTIS. A minha tese é de que essas chapas NÃO REPRESENTAM os interesses estudantis, muito pelo contrário, elas estão defendendo o sistema, os interesses da reitoria, contrários aos interesses de TRANSFORMAÇÃO DA UNIVERSIDADE, buscando a qualidade e a democracia, ou seja, contrário aos interesses dos servidores (técnicos e professores) e dos estudantes.
SOBRE O OPORTUNISMO DOS REITORISTAS NO DCE UFES

Afirmo que são oportunistas esses setores, porque as figuras que detêm o poder dentro destes grupos, figuras dirigentes, defendem seus interesses políticos a qualquer custo, fazendo o que for mais oportuno pra ganhar o posto de número um no colo de Reinaldo. Você, estudante, que faz parte da Conecta ou da F5 e está lendo este texto, mas não se considera reitorista, eu acredito em você. O problema é que as pessoas que centralizam a definição da linha política nos grupos de vocês, essas sim, têm total noção de que são reitoristas, e eu gostaria que você refletisse o porquê de eles mentirem pra vocês que eles querem estar A SERVIÇO DO REITOR E NÃO DO ESTUDANTE. Você vai entender o motivo de eu estar escrevendo tudo isso.

O fato de os dirigentes dessas duas chapas mentirem, dentro das suas chapas, que são reitoristas, é uma prova desse oportunismo. O interesse é a próxima eleição. O RU é uma pauta de campanha. O objetivo deles é causar sensacionalismo e apelar para a fome dos estudantes, enfraquecendo a greve, e com isso ganhando mais apreço da reitoria. Se fortalecem politicamente aumentando o número de cargos no DCE e também se fortalecem politicamente aumentando a relação de aliança com quem manda na UFES (a reitoria).

Um grupo de estudantes com fome, querendo resolver a falta de comida durante a greve, puxou uma assembléia para debater a questão do restaurante universitário. Uma questão deve ser debatida em seu contexto, nesse caso, a universidade e a greve. A universidade não qual fica o restaurante em questão e a greve que parou o restaurante em questão. As pessoas dessas chapas oportunistas compraram a ideia de que o RU deveria ser discutido isoladamente do seu contexto, ao invés de ajudar o debate da assembleia a desvelar a verdadeira problemática do RU, que resolvesse os problemas dos estudantes, dos servidores, dos professores, da universidade, dos terceirizados que trabalham no RU, e da sociedade brasileira, que é em grande medida vitimizada com a precarização da universidade pública. Por que eles compraram essa ideia de que o RU deveria ser discutido desprezando o contexto. Primeiro porque queriam acusar a chapa cujos integrantes propuseram a contextualização, e transferir para os estudantes desinformados da realidade do DCE um ódio a essa chapa. O objetivo são as próximas eleições. Em segundo lugar porque sabiam que a reflexão sobre o contexto da universidade poderia convencer democraticamente no debate a maioria dos estudantes da tese que eu também defendo: A TESE DE QUE A FOME DOS ESTUDANTES DEVE SER TRATADA COMO CULPA DA REITORIA, E QUE DEVEMOS COBRAR URGENTE A RESOLUÇÃO DESTE E DE OUTROS PROBLEMAS.

Não tem ninguém neutro em relação à reitoria, nem ao governo, porque são órgãos que atingem diretamente nossas vidas. Ou estamos contra ou a favor. Os que dizem que não estão nem contra, nem a favor, estão na verdade a favor, e querem esconder isso de você. Quero chamar à reflexão sobre isso, porque diferenças políticas se resolvem no fraterno debate, mas oportunismo se resolve com denúncia.

Se você é estudante da UFES, não precisa concordar comigo, nem discordar de mim, mas leve esse debate para o seu curso e para o seu Centro ou Diretório Acadêmico. Quero provocar o debate coletivo sobre esse assunto, porque oportunistas só conseguem convencer as pessoas quando o debate democrático está vetado. Comparando as várias versões da história, a verdadeira versão sempre aparece!

No próximo texto responderei diretamente à pergunta que dá título a essa série de textos. Vou terminar esse texto começando a responder essa complexa pergunta. O texto acima serviu para dar elementos básicos para uma resposta qualificada e dialógica dessa pergunta.

O QUE LEVA ALGUNS ESTUDANTES A VIRAREM CAPACHOS DA REITORIA?

Eu parto do pressuposto que se um estudante luta contra os interesses dos estudantes, é porque ele tem outros interesses que para ele são colocados como interesses maiores. Estudantes defendendo o RU aberto como forma de assistência estudantil, e ignorando que muitos estudantes recebem migalhas da assistência estudantil porque a reitoria DESVIA NA TRAMÓIA metade das verbas da assistência estudantil para o RU, porque RU elege reitor, define publicidade política de pessoas que podem subir no organograma de cargos da UFES.

É exatamente essa a questão. Uma pessoa foge aos interesses dos estudantes quando visa a subir de nível nas relações de poder da universidade. É o Movimento Estudantil como escada, é um uso oportunista do movimento estudantil. Mas a resposta a esse tipo de prática oportunista deve ser o movimento estudantil autônomo, que luta para que os estudantes tenham mais poder na gestão da universidade, luta contra uma universidade antiquada e profundamente hierarquizada, onde o reitor é chamado de magnífico e o estudante espancado por defender direito a vivência na universidade. Onde uns são vândalos quando quebram portão e outros não o são quando quebram barracas, arrancam faixas de sindicatos.

O que leva alguns estudantes a virarem capachos, é o fato de eles acharem que a universidade está boa do jeito que está, então devemos tentar lidar com o modo normal de funcionamento dela, e nos conformar com o cotidiano, lutando apenas contra o que foge às regras. AS PRÓPRIAS REGRAS ESTÃO CONTRA OS ESTUDANTES, e se tudo na UFES está tão mal, o que me espanta é que a gente ainda não tenha parado TODO O RESTO DA UFES!

beijinhos de maracujá!

Primeiro rascunho (resumidíssimo) de roteiro para uma possível monografia!


A questão do uso problemático de drogas no Brasil e no mundo passa por um leque amplo de temas que pedem desvelamento. O primeiro deles é equalizar os ruídos na conceituação de drogas: o que seriam essas tais drogas? O segundo diz respeito aos limites do uso problemático, ao limiar entre o lícito e o ilícito, às várias formas possíveis de uso... Enfim, é um problema que se sustenta no primeiro, afinal formas variadas de uso de diversas drogas estão presentes em todas as formações sociais humanas, e isso precisa ser melhor entendido. Um terceiro tema remete às políticas sociais e de estado no que tange às drogas, por um lado a guerra às drogas e por outro as políticas de cuidado, são os dois grandes marcos conceituais deste terceiro tema. Um quarto tema é a forma como o Estado se organiza (o tema da burocracia), as múltiplas formas como as classes sociais se portam diante das políticas sobre drogas aplicadas por este estado, e as formas de a classe trabalhadora conferir rumo revolucionário para tais políticas. O quinto tema seria exatamente qual é esse rumo revolucionário. Por fim, a questão colocada no último e principal tema é em que medida a avaliação e controle destas políticas, em especial as de saúde, do eixo do cuidado diante do uso problemático, podem contribuir ou não para este rumo revolucionário. Aqui a intenção é pensar estratégias de avaliação e controle da implementação de tais políticas de saúde que tenham como protagonistas principais quem usa essas políticas e quem trabalha para que elas aconteçam. A noção de Poder Popular está norteando todo esse caminho.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A máquina de lutas do Movimento Estudantil!


É um mundo tão difícil
de traduzir...
Se nem crisco agradou, por que eu, rampeiro,
invento de querer agradar
o mundo inteiro?

É um mundo tão difícil
de interagir...
Tanta informação,
tanto elemento,
que eu não consigo dar conta
(E ó que eu tento!),
Pra ver se sai legal,
ver qual é a saída,
mas no fim das contas só dá mau humor
e despedida...

Eu não sei o que eu sinto,
o que aconteceu,
só tô achando que deve ter algum erro meu...
Eu fico só caçando, caçando,
duma maneira tensa,
voltando às épocas em que meus poemas tinham reticência,
voltando às épocas em que freestile era a minha ciência,
voltando às épocas em que eu era do tipo que fala o que pensa...

Eu tô no rumo que eu tô,
e não é um rumo ruim,
tô na pegada do Sampaio: "ninguém vive por mim,
mas tem uma galera que eu amo,
que tá por aí
enquanto eu sigo meu destino
feito um menino
vadio, felino
(mas às vezes, bem canino,
me oferecendo, sendo
bobo, todo facinho)
faço meu caminho...

Nem parece que eu te amo,
parece que eu morri,
e que uma máquina oca de luta agora vive aqui,
e eu só fico lutando, lutando, feito um Bruce Lee,
eu não sei se eu quero ser esse cara
que já não faz mais você sorrir...

Eu só tô muito preocupado com um bagulho diferente,
de lutar pra fazer sorrir toda essa gente,
tem muito sangue escorrendo, enquanto eu fico apaixonado,
apaixonado,
apaixonado,
apaixonado,
apaixonado...

beijinhos de maracujá!

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Um poema incompleto!


Hoje eu não quero fila
Nem transcol lotado
Não quero dívidas,
E nem ser vitimado...

Hoje eu não tô disposto
A fazer nada ou fazer tudo
Tô cansado de falar
E de ser mudo

Eu quero pescoço
Colado no pescoço
Porque pele de pescoço
Adora pele de pescoço

Eu quero abraço apertado,
Eu quero beijo insurgente
Eu quero dente cravado
Na carne quente!

beijinhos de maracujá!

Como dar constância a um fanzine? (ou Sobre o Sentimento Ludista de Querer o Fim das Máquinas!)


Estou voltando a publicar no blog Artifício Socialista, depois de meses querendo publicar, mas não conseguindo executar a tarefa. Coisas a dizer, tinha mil, sentimentos reprimidos, um monte, motivações externas à escrita, infinitas, tanto gente querendo me ler (e até me cobrando) quanto coisas do mundo precisando ser denunciadas ou enaltecidas. Desde criança eu sempre acreditei que era precinecessário fazer fanzines, e desde a adolescência, quando comecei a ter contato com a internet, logo caí no mundo dos blogs, pra postar textos, poesias, pra exercitar a escrita, que me causa muito tesão, e reparei logo que aquilo ali era um mundo de fanzines virtuais.

A blogosfera (palavra feia pra designar uma parada mó maneira) precisa ser ocupada pela esquerda, cada vez mais. Individual e coletivamente. O texto fundacional deste fanzine aqui, já dizia que a intenção do blog Artifício Socialista era a de ser um instrumento para produzir desvios no rumo da sociedade humana. Blogs revolucionários. Mas também interesses pessoais, além dos interesses coletivos de combate à exploração e às opressões. Há o exercício da escrita, há o prazer de escrever, há a vaidade e a vontade de mostrar "o melhor e o pior de mim". O meu termômetro, o meu quilate.

"Ninguém vive por mim", diria Sérgio Sampaio. Sei que faço coisas que fazem mal a algumas pessoas, mas ninguém vive por mim. Aceito escutar algumas coisas, mas me dou o direito de que as pessoas escutem de volta algumas outras. Minha vida está uma loucura, um monte de loucuras amontoadas em cada uma das tretinhas que a compõem. E eu tenho detestado as máquinas, cada vez mais.

Não suporto mais computadores, celulares, caixas-eletrônicos, microondas, ônibus. Tô com vontade de sair quebrando tudo, há meses não suporto sentar por muito tempo na frente de um computador. Não leio direito meus e-mails, nem consigo acompanhar tudo nessa desgraça de facebook. Meu maior prazer na internet, que era escrever nesse blog, ficou por consequência prejudicado. Adoro escrever aqui, mas tô adoecido de ludismo.

Mas sinto muita necessidade de colocar essa arma de volta no campo de batalha, são muitas as lutas pra lutar, e com esse blog na ativa, eu luto melhor!

Tenho milhões de digressões a fazer sobre a burocracia e a democracia, sobre as lutas da juventude, da negritude, da saúde, do movimento estudantil, milhões de coisas sobre as drogas, sobre o sexo, sobre o Roque Enrow. Temos tantas lutas precisando ser gritadas, que esse fanzine tem que voltar à ativa!

Está entrando no ar, mais uma vez, o blog Artifício Socialista!

beijinhos de maracujá!