terça-feira, 22 de abril de 2014

Sete apontamentos para a construção de uma sociedade democrática


1 - Cada pessoa deve ter poder de gestão sobre a sua própria vida e sobre todas as esferas determinantes de sua vida, desde sua própria vida e casa até toda a espécie humana e todo o planeta Terra, passando por sua vizinhança, sua quadra, sua rua, seu bairro, seu município, sua escola ou faculdade, seu local de trabalho, a unidade de saúde de seu bairro, as escolas do bairro onde mora, os demais serviços públicos de que faz uso, seu estado, seu país, seu continente, o sistema de transporte da cidade e região onde mora. Tudo o que é voltado para o atendimento de interesses coletivos, ou que a população decidir que deve se voltar a tais interesses, deve ser submetido ao poder deliberatório de todas as pessoas do planeta;

2 - O espaço de mediação deste poder de cada pessoa deve ser um ou mais grupos de que essa pessoa faz parte, seja em seu bairro, local de estudo, de trabalho, nos serviços que faz uso, etc. A gestão de todos os âmbitos da vida deve ser uma gestão coletiva, pautada no fraterno debate em que a coletividade consiga produzir sínteses das posições individuais, respeitando as divergências, mas buscando saídas coletivas na formulação de posições e processos;

3 - Esses diversos grupos, com caráter de mediação entre as várias posições individuais, precisam se articular através de redes, compartilhando as informações produzidas por cada grupo, que sintetizem as posições das pessoas que lhes compõem, para que possamos ter saldos das posições de todo o tecido social. Esse nível de organização precisa garantir o máximo possível de decisão democrática e construída coletivamente, com o mínimo possível de burocratização. Isso implica em formas criativas de promover debates e de deliberar posicionamentos e ações;

4 - A articulação desses grupos precisa ser coordenada por alguma instãncia. No entanto, isso precisa ocorrer de uma maneira que não gere cargos privilegiados a ser ocupados por uma elite dirigente. Por isso, cada grupo ou conjunto de grupos deve escolher, periodicamente, alguém que fique com a tarefa de ajudar na síntese de informações produzidas pelos grupos, nos diversos níveis, e fazer com que essas informações voltem para os grupos, e que seus efeitos nos grupos voltem para as instâncias. A atuação desses cargos precisa ser fraternamente monitorada dentro dos grupos, buscando que eles sirvam aos grupos, e não os grupos a eles;

5 - Periodicamente devem ocorrer grandes plenárias, tratando de temas centrais, relevantes para um grande contingente populacional, temáticas gerais ou específicas, mas que tenham respaldo em muitos grupos. O objetivo é de ser um espaço inclusive para encontro presencial entre vários grupos, e troca de experiência entre eles. Fundamental, porém, que esse espaço seja um fruto da experiência cotidiana de democracia real nos vários grupos, e que contribua para que essa perspectiva avance.

6 - É fundamental que essas pessoas organizadas em grupo se sintam à vontade para participar deste sistema decisório. Para isso, precisamos superar o formato tradicional de política de nossa sociedade, em que faz-se da política algo chato, que não temos interesse em nos envolver, e delegamos para alguns poucos iluminados tal poder. A política deve se tornar algo prazeroso, não apagando a seriedade e importância de sua execução (mesmo que não prazerosa), e sim trazendo elementos que conquistem as pessoas para a perspectiva de inserir cada vez mais no cotidiano de toda a humanidade a prática do debate coletivo e da decisão que atenda ás várias sensibilidades sociais, num projeto de emancipação social.

7 - Precisa haver constantes espaços, escolares e não-escolares, de formação de todas e todos para as práticas democráticas. É preciso dar condição para que as pessoas participem da gestão das suas vidas, como quadros políticos são formados por algumas organizações militantes. Mas essa formação deve ser para toda a população. Uma certa perspectiva desses espaços de formação deve estar ligada à formação humana desde os primeiros meses de vida, até a inserção na vida escolar, com o hábito de inserir todas e todos nos processos decisórios independente de idade.

beijinhos de maracujá!

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