sábado, 16 de junho de 2012

Por um Canto de Sereia


Por um Canto de Sereia

Me acomete um pensamento bem direto:
De que nenhum ser humano é objeto,
Que eu calculo e sei bem o que fazer,
Posso julgar, determinar, posso dizer,
Posso usar, posso comprar, posso vender
Classificar, demonizar e ofender.

Eu confesso que adoro seduzir!
Sedução: meu passa tempo preferido!
Se eu pudesse não humano ter nascido,
Ter um sangue não humano em minha veia,
E pudesse ter meu modo escolhido
Com certeza escolheria ser sereia.

Cantaria pra encantar por todo canto,
Todo mundo que encontrasse por aí,
Seduzindo pra idéia que me toma
Uma idéia que ainda tento digerir:

De que nenhum ser humano é objeto,
De que como ele me fere (eu sendo humano),
Ele também pode por mim ser ferido,
E de que como ele se porta leviano,
Leviano também posso ser, ter sido.

Mas como eu nasci humano, e sou assim,
Tão humano que seduzo apenas a mim,
Meu narcisismo me alerta coisas boas:
Que eu não sou objeto, sou humano,
E que todos os humanos que eu odeio
São tão humanos quanto todos os que amo.

beijinhos de maracujá

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