quarta-feira, 14 de março de 2012

O amor é uma coisa que dá medo!



Ontem eu lembrei de uma ocasião em que segurei a mão de uma pessoa e desejei segurá-la para sempre. E hoje nem desejo mais. Outras mãos que hoje fazem meu coração palpitar e as palmas de minhas mãos suarem. O amor que alegra é um avião que voa muito baixo, sobrevoa nossas cabeças (ontem uma amiga e eu meio que percebemos isso), mas nunca cai sobre nós nem pousa onde estamos. Parece que está tão baixo que se esticarmos a mão poderemos tocá-lo. Mas não podemos não.

O amor é uma espécie de amizade mais forte: uma amizade tão grande, tão intensa, tão viva dentro da gente, que a gente até quer levar a consumação da amizade para o nível das carnes e das intimidades. O amor que não é amigo não é amor.

E não existe amor pra sempre, existe amor pelo tempo que durar. Que algum dure para sempre, é ocasião, e não lei natural das coisas. Até que a morte nos separe é uma frase forte, porque amor não é algo que nos gruda e que nos funde. Na verdade o amor é algo que nos funda. A cada momento mais e mais, um novo fundar a cada novo segundo em que o amor existe em nós. E fundar em vários sentidos. No de fazer brotar em nós uma sensação de que podemos ainda mais do que podíamos, mas também no de fazer sentirmos vontade de parar, quando parece que tudo tende a ficar cada vez pior, e até mesmo no sentido de nos fazer querer parar de amar. Amor não é receita certa para o fracasso nem para o sucesso.

Porque amor não é receita, é modo de vida. Tem gente que vive a vida com amor, o que não é garantia de nada, e tem gente que vive a vida sem amor, o que é garantia de que não vai dar em nada. O amor às vezes me faz derreter feito manteiga, e às vezes faz de mim o mais elegante dos príncipes. O amor me faz admirar amores bem amados e sofrer quando vejo gente se machucando e machucando outras pessoas por causa do amor. Eu tô dizendo isso tudo mas nem sei se o "amor" existe. E não tô falando do amor pela militância, nem pela humanidade, pela vida ou pela família. Dessa vez tô falando de algo muito específico: "O corpo quer, a alma entende!".

Talvez nenhuma palavra do que está escrito nos parágrafos acima faça sentido pra nenhum outro ser humano que não seja eu, mas vou contar uma última coisa, que eu queria que todo mundo prestasse atenção e levasse desse texto pra suas vidas:

Amor não é a virtude de saber controlar e dominar com temperos de tesão e roupagem de ternura. Amor não é escravidão, nem prisão, nem vigília, tutela ou tortura. Amor é uma coisa que, machucando ou alegrando, foi feita pra fazer voar: Então não nos prendamos, nem prendamos ninguém, em nome do amor. Que ele seja um exercício de liberdade.

E não prendam o amor nesses seus peitos. Em primeiro lugar, muita cautela, que pôr sentimentos pra fora do peito é algo que sempre pode ferir alguém, então esvaziar o peito com carinho é sempre bom. Mas por outro lado, amor guardado apodrece. Então da próxima vez que sentirem vontade de segurar a mão de alguém pra sempre, não deixem de segurar, mas segurem com amor, e nunca segurem no sentido de prender ninguém pelas mãos. E às vezes a sua companhia vai adorar ouvir o segredo que você tá guardando dentro do seu peito: compartilhe seus amores com seus amores.

Só um conselho bobo... Vejam aí se vale a pena...

beijinhos de maracujá!

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