sábado, 17 de agosto de 2013

Entender as tretas dentro do PSOL é necessário para quem quer transformar a realidade brasileira


Se você concorda com a afirmação no título deste post, leia este texto. Se não concorda, leia também e deixe seu xingamento nos comentários! =)



Já falei aqui no blog algumas outras vezes sobre a importância dos partidos socialistas, e sobre o cenário do partido socialista ao qual sou filiado desde abril de 2011, o Partido Socialismo e Liberdade - PSOL. Hoje quero apresentar e divulgar um texto, e espero receber opiniões das pessoas que o lerem. É o manifesto recentemente lançado pelo Bloco de Esquerda do PSOL.

Antes de apresentar o manifesto, gostaria de fazer um comentário. O PSOL não é um partido que nasce das demandas das massas, como entendo que foi o nascimento do PT. Infelizmente, um partido com tão bela origem, nascido de um momento de ascenso (uma palavra da qual sentíamos tantas saudades, que eu nem sei direito como se escreve), mas que passou por um processo de institucionalização, mudança de prioridades, e por fim aderiu a projetos de conciliação de classes (ou seja, ao invés de ser um partido dos trabalhadores, da classe trabalhadora, pra lutar pelos interesses desta classe, interesses inconciliáveis com os interesses da classe burguesa, nossa classe antagônica, preferiu a ilusão de conciliar os interesses dos trabalhadores com os da burguesia, num projeto neo-desenvolvimentista, ou social-desenvolvimentista, que se resume a dar desenvolvimento para a burguesia, inclusive com seu salvamento em momentos de crise, e migalhas para a classe trabalhadora, através de reunis, prounis, bolsas-família, e bombas para a classe trabalhadora que não se cala com migalhas nem aceita cooptações). Logo que o PT se tornou Governo Federal, alguns setores da esquerda combativa, presentes dentro do PT e do PSTU, sentiram que isso levaria a um aumento da fragmentação da esquerda que não aceitava a conciliação, e que era necessário criar um novo partido, pra unir essas tradições diversas da esquerda combativa, pra diminuir os impactos da fragmentação que a traição petista causaria. Assim nasceu o PSOL.

Porém, poucos anos depois, o PSOL vive um momento crucial na definição de sua história. Existem dois grupos antagônicos em seu seio, dois grupos fortes (o que faz com que a disputa não esteja ganha para nenhum dos dois lados). Um deles, capitaneado por Randolfe Rodrigues e Ivan Valente, vem tentando converter o PSOL em um partido "mais eclético", acham que o PSOL se fecha demais em alianças apenas com outros partidos socialistas, da esquerda antigovernista, e defendem no discurso e nas ações, que ampliemos nossos arcos de aliança tanto com setores governistas (PT, PC do B, PMDB), quanto com os partidos nanicos de aluguel (que eu nem sei as siglas de cabeça), e até mesmo com os partidos da direita tradicional (PSDB, DEM). O outro grupo é o que chamamos de Bloco de Esquerda do PSOL. Este é o lado do qual faço parte, e estamos lançando o manifesto que pode ser lido no seguinte link: http://csolpsol.org/psol/bloco-de-esquerda-do-psol-lanca-manifesto-para-disputa-do-4-congresso/

Quero falar principalmente com as pessoas que acham que o PSOL é necessário para as lutas no Brasil hoje, que querem destruir o sistema do Capital, acabar com o capitalismo e construir uma alternativa socialista para o Brasil e para a humanidade, que acham que o PSOL ainda não está bom o suficiente, que precisa melhorar, que acham que o PSOL não pode seguir o mesmo caminho do PT, nem abandonar a luta contra as políticas petistas de aliança com a burguesia e de defesa de seus interesses, e que querem ter um lugar para a militância coletiva, dentro de um partido cada vez mais coerente, radical, de massas e sem rebaixamento de sua política. Se você se identifica com essa descrição, e se concorda com o teor do manifesto, ou quer conversar mais sobre o assunto, eu faço esse convite: chega mais perto, vem ver se faz sentido se juntar com a gente, que eu acho que faz sentido sim, viu!

beijinhos de maracujá!

Um comentário:

  1. Essa coisa de conciliar interesses dos capitalistas e dos proletários é uma ideia que nasce com o liberalismo.


    A questão da democracia representativa é uma merda, como a gente ja tocou ideia algumas vezes. Porque produz políticos profissionais, ou seja, cuja profissão é "fazer política".
    Bom, sabemos que a política é uma coisa que fazemos na pólis (e hoje no campo também) a cada instante, a cada passo que damos, a cada troca de olhar, a cada pedalada, a cada encontro; não pode por isso ser um ofício instituído.

    Ainda nisso, os políticos não-profissionais (ou seja, nós que, cidadãos, não ocupamos cargos políticos institucionalizados, como deputado, prefeito, etc) tem suas profissões e cumprem sua jornada de trabalho de 8 às 17h. Se quiserem "participar da política" (ja participam por existir, mas no sentido instituído), devem ir a um conselho, a um forum ou grupo de discussão no período noite ou fim de semana. Ora, o sujeito já estará cansado e não conseguirá fazer uma boa discussão ou então nem vai pois precisa de um tempo para a família, cuidar de sua casa ou descansar.

    Por isso, delega sua voz a um representante porque "ele ta la pra isso mesmo". Só que não escolhe aquele que o representa. O senso comum diz que ele "não sabe votar". Bom, ele (nós) sabe(mos), só que se engana pq não entende bem quem é que vai defender o seu direito ou o direito de quem o oprime.

    Aristótelos ou Sócrates, um dos dois, disse que a democracia não funciona porque o cidadão comum não pensa sobre sua própria vida.
    Isso na Grécia. Trazendo para o Brasil, temos um problema no processo de formação/produção do cidadão brasileiro, que sempre esteve alheio às deliberações políticas. O poder sempre foi dos proprietários da Terra, herança das capitanias hereditárias.

    Hoje, a posse terra ainda manda muito, mas também manda a posse de outras coisas. E a hereditariedade política ainda é vista, como nos casos Ferraço e Ferracinho; Magalhães, Magalhães Neto.

    E o povo ainda continua só votando. Antes, o voto era a indicação do (ou o próprio) Coronel. Muitas vezes, não por obrigação, mas "votar no coronel, claro, porque ele nos ajuda tanto, né?", fora que ele era padrinho de toda criança que nascia na região. E o catolicismo era muito forte.
    Hoje, ainda há votos por gratidão: uma rua asfaltada, uma praça, um remédio. E o padrinho não é mais pela religião, chama-se padrinho uma indicação feita a um emprego.

    Enfim, a democracia representativa é uma ideia pra agilizar num país continental, mas as relações postas a fazem um instrumento de manutenção dos proprietários no poder.

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