sábado, 31 de agosto de 2013

Particular


Seu segredo fica aqui, 
Entre nós, 
Entregue ao mundo dos segredos, 
De onde pouca coisa sai, 
Pra onde muita coisa vai... 

Eu sou seu segredo mais profundo, 
O mistério que você quer desvendar, 
A verdade que ninguém mais vai saber... 
Talvez um dia você queira até contar, 
Mas dificilmente contará... 

Eu sou o teu canal para o infinito, 
O caminho que você sonha em seguir 
(E estou aqui 
A sua disposição)... 
Eu sou feito de sussurros 
Arrepios e flashes de emoção... 

Eu sou feito assim, 
Um pedaço pro sim, 
Outro pro não... 

Eu sou feito de sorrisos 
De negação 
E de entrega... 
Eu sou a tua paixão 
Mais cega, 
O teu desejo 
Mais intenso 
E os gemidos 
Mais macios... 

Vou guardar nossos segredos 

Num abraço 
De feras no cio 
E em um beijo 
Desvairado e sutil... 

(quinta-feira, 12 de outubro de 2006, 15:05:00)

beijinhos de maracujá!

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Canção de segunda-feira


Se eu não fosse escravo,
Eu deixaria tudo ruir
Por mim, largava tudo
Só pra ter você aqui
Trancada no meu quarto
Só comer, beber, dormir...

Em todos os sentidos!
Só comer, beber, viajar...
Morando em minha cama,
Nós dois ficando sem ar,
Sem ter segunda-feira
Capaz de nos fazer parar...


beijinhos de maracujá!

O amor tem seus estilos


Eu, definitivamente, não consigo mais digerir nem metabolizar a monogamia. Não é que eu seja completamente contra a produção de vínculos afetivos e amorosos fortes, estáveis, ou como o povo prefere dizer “sérios”. Muito pelo contrário. Apesar de gostar muito da ideia de amores poderem coexistir sem a obrigação de serem grandes ou pequenos, sérios ou ocasionais, e apesar de defender que mesmo a transa mais ocasional pode ter uma profunda e intensa seriedade, eu realmente gosto de pensar meus amores se constituindo em solidez, em parceria, em companheirismo, e pessoalmente prefiro um único amor sério a dez mil em que eu não me sinta intensamente envolvido com nenhum. Não acho que a única forma de se comprometer com um relacionamento é seguindo a cadeia compulsória que vai do flerte à ficada, da ficada ao estado de ficante, deste estado ao namoro, do namoro ao noivado e deste ao casamento, com a necessidade arquetípica de ter filhos, plantar árvores e escrever livros. Mas esse comprometimento é suficiente pra fazer um amor fazer sentido, e não sou do tipo que acha que um amor depende de mais amores pra fazer sentido, caso contrário, é naturalmente incompleto.

No entanto, eu definitivamente não consigo mais digerir nem metabolizar a monogamia. Ou seja, não sou capaz de voltar a dar sentido à minha vida afetiva e amorosa dentro da lógica “se comprometer com um amor é naturalmente se comprometer com um só amor”. Isso porque são tantas as pessoas neste mundo que mexem comigo, dessas tantas desconhecidas transeuntes, outras tantas familiares ao meu cotidiano, e no caminho entre essas e aquelas, as incontáveis com a qual ocasionalmente me encontro ou posso encontrar, que seria loucura eu fingir que amo apenas a uma pessoa e que pra sempre amarei apenas a essa pessoa, fingindo cinicamente que nunca amei a outras antes, e que nunca amei a mais de uma pessoa simultaneamente, e que o amor paralelo a mais de uma pessoa é antinatural.

Mas a grande verdade é que, se são tantas as pessoas que mexem comigo, há algumas poucas que me sacodem por inteiro, e ser sacudido de tal forma é uma aventura tão difícil de manter a estabilidade, mas em muitos trechos tão deliciosa, que eu sou incapaz de digerir ou metabolizar a monogamia. São aquelas pessoas que a gente vê pelo caminho e ou finge que não viu por medo de ficar olhando bobamente, ou inventa uma bobeira qualquer pra falar, só pra parar um pouquinho roubar um bom papo, aquelas que a gente sente vontade de chegar em casa, deitar na nossa cama, sentir o cheiro dela, e lembrar que ela ficou dormindo quando a gente saiu de manhã.

E a gente não enxerga que pessoas diferentes têm estilos diferentes de amar e de se relacionar afetivamente. A gente quer que todo mundo reproduza o nosso estilo, faz julgamentos morais e perde a chance de apreciar a beleza das diversas formas de amar. Isso faz do amor em nossa sociedade mais mesquinho, e eu realmente acho que nós podemos ter uma sociedade em que não seja normal empobrecer o amor. Não estou dizendo que cada estilo de amor deve ser meramente aceito tal como é. Muito pelo contrário. Estou dizendo que só uns com os outros, aprendemos a amar, e precisamos entender que esse aprendizado não é um processo de clonagem de estilos de amar. Por mais que nossos amores hoje se originem de processos que infectam tudo em nossas vidas, infectam todas as relações, e não apenas as afetivas, a necessidade de reinventar nossos amores sem amarras (e em rompimento com o capital) não pode ignorar a necessidade de deixar esses amores serem livres para tomar mil estilos. Os estilos de hoje são infectados e condicionados pelas exigências do atual sistema de desigualdade, mas não podemos acabar com este sistema de desigualdade, nem com os amores mesquinhos e possessivos infectados por tal sistema, se não nos dedicarmos criativamente a inventar novos estilos.

Mas no final, o que importa é entender isso: cada uma e cada um tem seu jeito de amar, cada um se afeta de um modo diferente... Tem gente que a gente nem liga, tem gente que mexe com a gente, tem gente que sacode a gente por inteiro. E eu, definitivamente, não consigo mais digerir nem metabolizar a monogamia!

beijinhos de maracujá!

domingo, 18 de agosto de 2013

Quem guardou o meu futuro?


"Eu não gosto desses dedos que me apontam
Eu não gosto dessas frases que me dizem
'O futuro deles está nas suas mãos'!
Pois é, seu Zé! Sei não!"

(Ednardo)

I


Não existe solução mágica
Nem estado de felicidade
Não existe momento crucial
Como o cabo da boa esperança
Em que tudo muda

E nada é como antes...

A vida de cada pessoa
Assim como a de todas elas
As que existem, as que já se foram,
E as que ainda estão por vir,
Sempre será permeada pela história
E não adianta a gente fingir que é diferente
A história sempre estará afogando a gente
Nunca nos deixará em paz...

O mais gostoso disso

É que, se existe história,
Nada está pronto e nada disso é pra sempre...

Eu gostaria de ser um traficante de almas,

Ter clientes capetas, vender pra deuses e deputados,
Anjos e demônios,
Inocentes e culpados...

Ter uma clientela fiel,

Anotar o nome de todo mundo
Em bloquinhos de papel:
As almas vendidas

E as almas que compram...

Mas as almas não podem ser vendidas
Nem compradas,
Porque não podem ser paralisadas
As engrenagens da história em que se movem...

No final das contas,

Tudo se resume a aprender...
Nada como um dia após o outro,

Escolher a carne certa num almoço
Se errou no anterior...
Ou escolher carne nenhuma...
Ou não escolher...

Tem dia em que não há o que comer...

Mas a história nunca para,

Nunca vai parar...
Ao menos até o dia

Em que a humanidade se acabar...

E enquanto houver gente,
Haverá história,
E enquanto houver história,
Haverá luta,
E enquanto houver luta,
Haverá vida...

E enquanto houver vida,
Insurreição!

II

O que não dá,

É pra gente ficar sonhando,
Se enganando,
Que a solução pros nossos problemas
Virá de alguma superstição...

Hoje eu acordei meio ateu,

Sem saco algum pra superstição!

Tem tanta coisa por aí para ser feita,

E tantos braços fortes e zelosos,
Que podem muito mais que melancias...

Estou cansado de futilidades!
Não há mágica que nos salve o mundo...
Nem tradição nem mesmo intervenção
Terão respostas prontas para nós...

Ou nós nos engajamos nessa estrada,

De peito aberto e prontas pro fracasso,
Ou nunca inventaremos o sucesso...

Tem tanta coisa aí, para ser feita,

Que não nos cabe o luxo de receita,
Ou fórmula pra se fazer perfeita...

Nos cabe o imperativo do futuro:
Me crie novo, não me faça igual...
Eu sou a sua morte se repito
O presente lamentável e lamaçal...

Me façam novo, grita o futuro
Num grito tenebroso como um urro...
Não tem caminho certo pra viver
A vida é um constante recomeço

E cobra de nós um pesado preço:
O preço é nunca parar de lutar...

A vida ainda é tomar partido
Não tem caminho mágico, mas digo:

Sem luta, nem caminho haverá!

beijinhos de maracujá!

sábado, 17 de agosto de 2013

Entender as tretas dentro do PSOL é necessário para quem quer transformar a realidade brasileira


Se você concorda com a afirmação no título deste post, leia este texto. Se não concorda, leia também e deixe seu xingamento nos comentários! =)



Já falei aqui no blog algumas outras vezes sobre a importância dos partidos socialistas, e sobre o cenário do partido socialista ao qual sou filiado desde abril de 2011, o Partido Socialismo e Liberdade - PSOL. Hoje quero apresentar e divulgar um texto, e espero receber opiniões das pessoas que o lerem. É o manifesto recentemente lançado pelo Bloco de Esquerda do PSOL.

Antes de apresentar o manifesto, gostaria de fazer um comentário. O PSOL não é um partido que nasce das demandas das massas, como entendo que foi o nascimento do PT. Infelizmente, um partido com tão bela origem, nascido de um momento de ascenso (uma palavra da qual sentíamos tantas saudades, que eu nem sei direito como se escreve), mas que passou por um processo de institucionalização, mudança de prioridades, e por fim aderiu a projetos de conciliação de classes (ou seja, ao invés de ser um partido dos trabalhadores, da classe trabalhadora, pra lutar pelos interesses desta classe, interesses inconciliáveis com os interesses da classe burguesa, nossa classe antagônica, preferiu a ilusão de conciliar os interesses dos trabalhadores com os da burguesia, num projeto neo-desenvolvimentista, ou social-desenvolvimentista, que se resume a dar desenvolvimento para a burguesia, inclusive com seu salvamento em momentos de crise, e migalhas para a classe trabalhadora, através de reunis, prounis, bolsas-família, e bombas para a classe trabalhadora que não se cala com migalhas nem aceita cooptações). Logo que o PT se tornou Governo Federal, alguns setores da esquerda combativa, presentes dentro do PT e do PSTU, sentiram que isso levaria a um aumento da fragmentação da esquerda que não aceitava a conciliação, e que era necessário criar um novo partido, pra unir essas tradições diversas da esquerda combativa, pra diminuir os impactos da fragmentação que a traição petista causaria. Assim nasceu o PSOL.

Porém, poucos anos depois, o PSOL vive um momento crucial na definição de sua história. Existem dois grupos antagônicos em seu seio, dois grupos fortes (o que faz com que a disputa não esteja ganha para nenhum dos dois lados). Um deles, capitaneado por Randolfe Rodrigues e Ivan Valente, vem tentando converter o PSOL em um partido "mais eclético", acham que o PSOL se fecha demais em alianças apenas com outros partidos socialistas, da esquerda antigovernista, e defendem no discurso e nas ações, que ampliemos nossos arcos de aliança tanto com setores governistas (PT, PC do B, PMDB), quanto com os partidos nanicos de aluguel (que eu nem sei as siglas de cabeça), e até mesmo com os partidos da direita tradicional (PSDB, DEM). O outro grupo é o que chamamos de Bloco de Esquerda do PSOL. Este é o lado do qual faço parte, e estamos lançando o manifesto que pode ser lido no seguinte link: http://csolpsol.org/psol/bloco-de-esquerda-do-psol-lanca-manifesto-para-disputa-do-4-congresso/

Quero falar principalmente com as pessoas que acham que o PSOL é necessário para as lutas no Brasil hoje, que querem destruir o sistema do Capital, acabar com o capitalismo e construir uma alternativa socialista para o Brasil e para a humanidade, que acham que o PSOL ainda não está bom o suficiente, que precisa melhorar, que acham que o PSOL não pode seguir o mesmo caminho do PT, nem abandonar a luta contra as políticas petistas de aliança com a burguesia e de defesa de seus interesses, e que querem ter um lugar para a militância coletiva, dentro de um partido cada vez mais coerente, radical, de massas e sem rebaixamento de sua política. Se você se identifica com essa descrição, e se concorda com o teor do manifesto, ou quer conversar mais sobre o assunto, eu faço esse convite: chega mais perto, vem ver se faz sentido se juntar com a gente, que eu acho que faz sentido sim, viu!

beijinhos de maracujá!