sábado, 11 de maio de 2013

Na luta, tentando e sentindo.



Estou na luta, estou tentando. E gostaria muito de não ter que dizer tudo o que sinto e tudo o que quero, para que as pessoas estabeleçam parcerias comigo baseadas em explicações introspectivas cansativas e sem charme algum. Acho muito mais interessante quando a gente sente, pelo que o outro faz, o que a gente deve fazer. Mas pra isso rolar, a gente tem que fazer coisas que sinalizem o que a gente quer, e eu acho muito desagradável quando minhas insinuações parecem não ser entendidas. Mas nem sempre é isso, acredito que tem vezes em que apenas foram recusadas as propostas que eu insinuei. As pessoas podem estar entendendo o que os meus atos querem dizer, e simplesmente dizendo "não quero compôr esta parceria contigo neste momento", ou podem mesmo não estar entendendo nada.

Eu quero é ser artista, cantar na televisão. Estou na luta, estou tentando. Quero fechar manicômios e quero trazer mais gente pra luta. Tem muita gente boa por aí, completamente tomada pela lógica neoliberal. Vou continuar tentando, "que tenha pressa quem quiser me alcançar, eu também tenho"!

Mas o que mais me incomoda é a falta de entendimento do que já está entendido. Eu me pergunto inclusive por que eu também faço isso. Quase todo mundo faz. Eu entendi, e quero forçar a pessoa a dizer o que eu já entendi, então eu finjo que não entendi e pergunto. Por que fazer isso, Jesus? Por que eu faço isso? Por que vocês fazem isso? Por que a nossa espécie humana ainda faz isso? Estamos realmente, todas e todos nós, tentando!

Eu tenho umas músicas, componho, toco, treino, ensaio, invento arranjos, faço versões de músicas dos outros também. Esses dias alguém chamou de remix, e eu até que gostei bastante. Seria tão bom se eu fosse artista... Queria fazer show, gravar disco, tocar na rádio, cantar na televisão. Como "canções de amor se parecem porque não existe outro amor", precisamos de gente que componha e que cante canções de amor diferentes, porque esse amor que existe aí, hoje, tá foda! Precisa existir outro amor! Precisa existir também outro mundo, eu quero ver os manicômios deste mundo de hoje caindo, e levando ele todo junto, e canto e componho pra que isso aconteça, acho que ser artista nos obriga a escolher de que lado estamos. E eu, que quero ser artista, já escolhi meu lado. Estou tentando, estou na luta. Acho que a música pode sacudir mais gente que, apesar de não estar gostando do que tá rolando hoje, ainda não se jogou na luta pra que outra coisa role. Acho realmente que precisa muita música pra sacudir tanta gente do lugar. E acho realmente que precisa sacudir do lugar essa gente toda.

E a música não precisa explicar racionalmente, verbalizar tudo. Não é apenas a letra da música que pode contribuir para as lutas políticas.  É ela também, não estou desmerecendo as letras incríveis das grandes composições, principalmente as que falam de lutas. Mas uma coisa precisa ser dita: a música faz muito mais do que apenas explicar, e os efeitos da música, ao provocar as pessoas às lutas, vão muito além apenas da sua compreensão, do seu entendimento. Não basta entender, é preciso sentir. As pessoas poderiam se relacionar, fazer parcerias, e inclusive amar, assim como fazem e apreciam música: indo para além da mera técnica e da mera racionalização, indo para além do entendimento e sentindo. Está faltando sentir. Se eu sinto em você os seus incômodos, por que fingir que não senti, e perguntar "algo te incomoda? me conta o que te incomoda?". Por que que a gente é assim? Acho que sentir é o caminho que nos levará além. Viver a vida como fazemos música e como ouvimos música. E que a vida seja uma delícia, uma música boa.

E quando não estiver sendo, que a gente peque instrumentos, e toque em cima do som ruim, pra fazer ficar bom. Práxis! "Ela nem sabe, até pensei em cantar na televisão..."!

beijinhos de maracujá!

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