segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Prudência docente no curso de psicologia da UFES (até onde ela nos é útil?)




Eu não tenho nem mais vontade de ir pras aulas, e já tem um tempo. Tudo o que me ensinam em sala de aula escorre pelo ralo nas práticas, resguardadas pouquíssimas exceções  e eu não aguento mais isso!

Eu queria ter professoras e professores que se jogassem de alma e corpo na vida real que a gente vive na universidade, no curso de psicologia da UFES, e não que fossem cheias e cheios de prudências imprudentes, aprisionantes. A prudência de silenciar na hora em que sua voz poderia fazer TODA A DIFERENÇA num processo.

A vida universitária, o regime de trabalho imposto pela atual política educacional do PT (nos últimos dez anos, herdando os oito anos de PSDB), ensinou docentes, de antigas e novas gerações, que o mais prudente é fazer apenas o que dá pra fazer. E ensinou também que dá pra fazer muito menos do que o que de fato dá pra fazer. Então a gente tem um hábito entre a classe docente "progressista" (nem tô falando de conservadoras e conservadores, e sim de progressistas): o hábito de, diante das lutas estudantis, recomendar prudência.

Em alguns momentos, as lutas estudantis são imprudentes, e de fato até dentro do movimento estudantil, há divergência por causa dessas imprudências. Mas estou falando de outra coisa: algumas situações só requerem prudência estudantil porque o movimento estudantil não tem consigo docentes lutando abertamente pelas mesmas causas. Muitas vezes pessoas falam que sabem que a gente vai tocar certas lutas, e nos dizem que estamos certas e certos em fazer a nossa parte. Ouvir de docentes "progressistas" que as lutas que estamos tocando como estudantes são a "nossa parte", me incomoda muito. Não vejo progresso nenhum em tratar a realidade da educação como algo que, para ser transformado, implica em "cada um fazer a sua parte". As lutas pela transformação da educação de fato têm características diferentes por parte de docentes, de discentes e de tecnico-administrativos, mas diferente não é sinônimo de separado, não é dividido em partes. A parte dos diversos grupos que querem transformar a educação e construir uma universidade comprometida com a população explorada, oprimida, e com a transformação social, é uma parte só. Uma parte diversa, múltipla, mas uma só. Tá na hora de a gente se sentir à vontade de dizer que apoia a luta dos docentes, pelos seus salários, pelas suas carreiras, pelas suas condições de trabalho, não porque somos amiguinhos e queremos o bem deles, mas sim porque essa luta é também nossa. Porque é o NOSSO sistema educacional, da universidade em que nos estudamos, da universidade pública de todo o povo brasileiro, que está em jogo. Qualidade nas condições de trabalho docente não é bom só para os docentes, mas para todas e todos nós.

E por que é então que nós ouvimos um silêncio tão grande por parte dos docentes da psicologia da UFES sobre a merda do ENADE? Será que realmente essa galera concorda com essa avaliação? Será que essa galera É NEUTRA? Será que esses dois departamentos nada têm a dizer? Cada um com suas dezenas de docentes, e todo mundo em silêncio?

Será que boicote é assunto de estudantes? Será que o ENADE não faz parte da mesma lógica educacional que ranqueia e precariza a universidade em que essa gente toda trabalha? Por que esse silêncio? Isso é prudência? Essa prudência eu dispenso!

Sejam imprudentes neste momento, venham junto com a gente, digam o que acham, vamos conversar! Vamos sair da letargia, pra ver se na próxima vez em que vocês estiverem em conflito direto com o governo federal, com o MEC, com os coordenadores da precarização do trabalho de vocês, vocês tenham menos prudência e mais condição de vencer.

Vamos junto?

Espero que essa provocação chegue a vocês, e que possamos conversar com isso! Estou desesperado!

E imprudente!
beijinhos de maracujá!

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