Arma sentimental de um psicólogo comunista e compositor popular. À luta prazerosa, e ao prazer lutador!
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Versoj de libera amo (ou O coice da liberdade)
Aí,
Tu sabe que a gente tem tudo
Pra te dar que tu sempre quis...
Larga esse babaca urgente,
Larga esse cara e vem com a gente,
Que a gente te faz feliz!
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Prudência docente no curso de psicologia da UFES (até onde ela nos é útil?)
Eu não tenho nem mais vontade de ir pras aulas, e já tem um tempo. Tudo o que me ensinam em sala de aula escorre pelo ralo nas práticas, resguardadas pouquíssimas exceções e eu não aguento mais isso!
Eu queria ter professoras e professores que se jogassem de alma e corpo na vida real que a gente vive na universidade, no curso de psicologia da UFES, e não que fossem cheias e cheios de prudências imprudentes, aprisionantes. A prudência de silenciar na hora em que sua voz poderia fazer TODA A DIFERENÇA num processo.
A vida universitária, o regime de trabalho imposto pela atual política educacional do PT (nos últimos dez anos, herdando os oito anos de PSDB), ensinou docentes, de antigas e novas gerações, que o mais prudente é fazer apenas o que dá pra fazer. E ensinou também que dá pra fazer muito menos do que o que de fato dá pra fazer. Então a gente tem um hábito entre a classe docente "progressista" (nem tô falando de conservadoras e conservadores, e sim de progressistas): o hábito de, diante das lutas estudantis, recomendar prudência.
Em alguns momentos, as lutas estudantis são imprudentes, e de fato até dentro do movimento estudantil, há divergência por causa dessas imprudências. Mas estou falando de outra coisa: algumas situações só requerem prudência estudantil porque o movimento estudantil não tem consigo docentes lutando abertamente pelas mesmas causas. Muitas vezes pessoas falam que sabem que a gente vai tocar certas lutas, e nos dizem que estamos certas e certos em fazer a nossa parte. Ouvir de docentes "progressistas" que as lutas que estamos tocando como estudantes são a "nossa parte", me incomoda muito. Não vejo progresso nenhum em tratar a realidade da educação como algo que, para ser transformado, implica em "cada um fazer a sua parte". As lutas pela transformação da educação de fato têm características diferentes por parte de docentes, de discentes e de tecnico-administrativos, mas diferente não é sinônimo de separado, não é dividido em partes. A parte dos diversos grupos que querem transformar a educação e construir uma universidade comprometida com a população explorada, oprimida, e com a transformação social, é uma parte só. Uma parte diversa, múltipla, mas uma só. Tá na hora de a gente se sentir à vontade de dizer que apoia a luta dos docentes, pelos seus salários, pelas suas carreiras, pelas suas condições de trabalho, não porque somos amiguinhos e queremos o bem deles, mas sim porque essa luta é também nossa. Porque é o NOSSO sistema educacional, da universidade em que nos estudamos, da universidade pública de todo o povo brasileiro, que está em jogo. Qualidade nas condições de trabalho docente não é bom só para os docentes, mas para todas e todos nós.
E por que é então que nós ouvimos um silêncio tão grande por parte dos docentes da psicologia da UFES sobre a merda do ENADE? Será que realmente essa galera concorda com essa avaliação? Será que essa galera É NEUTRA? Será que esses dois departamentos nada têm a dizer? Cada um com suas dezenas de docentes, e todo mundo em silêncio?
Será que boicote é assunto de estudantes? Será que o ENADE não faz parte da mesma lógica educacional que ranqueia e precariza a universidade em que essa gente toda trabalha? Por que esse silêncio? Isso é prudência? Essa prudência eu dispenso!
Sejam imprudentes neste momento, venham junto com a gente, digam o que acham, vamos conversar! Vamos sair da letargia, pra ver se na próxima vez em que vocês estiverem em conflito direto com o governo federal, com o MEC, com os coordenadores da precarização do trabalho de vocês, vocês tenham menos prudência e mais condição de vencer.
Vamos junto?
Espero que essa provocação chegue a vocês, e que possamos conversar com isso! Estou desesperado!
E imprudente!
domingo, 4 de novembro de 2012
E Deus?
Não quero um Deus vaidoso e puramente masculino, que queira de mim a adoração, sem que eu possa entender o motivo, porque a sua graça é maior do que sou capaz de compreender. Vaidoso imperador, impiedoso julgador. Não quero um Deus que seja amor, se não for amor livre. Que amor pode ser este Deus, se ele impõe sua vontade, se ele faz tudo e depois faz os homens para não compreenderem tudo, e apenas o adorarem? Se ele pune os homens ao ousarem conhecer? Pune a mulher e o homem, por desobedecerem a sua vontade, sendo ele sabedor de todas as coisas, e tendo ele a desobediência como episódio de seus desígnios, gloriosos demais para a compreensão humana? Que amor é esse, que os homens aceitam sem entender, apenas por medo do severo castigo que o amor pode oferecer a quem quer respostas claras? Esse Deus eu não quero, esse Deus que é pai, pune, e se esvazia de qualquer feminilidade em seu nome.
Se existe Deus, ele não é Deus, ele não é ele. Existe algo. Existe, imagino eu, uma condição. Que não é apenas amor, que é ódio e amor, e que não quer adoração, nem controla tudo, é apenas a condição em que estamos imersas e imersos. Essa enganação que chamamos Deus, existe pra tapar o buraco de um vazio tão grande, que o nome Deus exerce forte influência social em nós. Precisamos afirmar que existe algo chamado Deus, então podemos usar o nome Deus pra falar dessa condição, que só pode ser Deus se também for ao mesmo tempo Deusa, porque é tudo.
Estamos imersas e imersos nisso. Tudo o que há. E aí louvor não é mais cantar e dançar escandalosamente em igrejas, nem ficar orando em silêncio, pedindo presentes e, entre estes, a não-punição por pecados que nunca foram pecado algum. Pecado não existe, e louvor é viver! Quando eu, no exercício da minha vida, sou plenamente parte desta totalidade na qual estou imerso, quando exerço plenamente minha vida, quando a elevo ao extremo de sua potência, estou louvando ao verdadeiro Deus, que insisto que nem deveria ter este nome.
Isso faz sentido pra mim. Esta é a minha religião: louvar é viver em plenitude.
Mas tem mais nesta religião, nesta religação à totalidade na qual estamos imersas e imersos: eu não vivo em plenitude se há alguém impedida ou impedido de viver em plenitude. Eu posso apenas chegar perto disso, buscar por isso, mas plenitude se faz de forma plena, e como todas e todos fazem parte da totalidade, qualquer coisa que eu tenha acesso neste todo, e que alguém neste todo não tenha acesso, é um limite à minha re-ligação com o todo, é um limite à minha religião. Faz parte da minha religião, entender como hoje esse todo está, para entender onde é preciso produzir plenitude, e se eu não a produzo, não estou sendo pleno, não estou louvando à totalidade. É até muito simples, eu diria.
Entender quais são os acessos negados na atualidade da totalidade, no presente desta realidade, e como superar estas limitações, engendrando plenitude. É um caminho de luta. Lutando eu me religo ao todo, e religo o todo a si mesmo. Acho que essa é a condição humana: o vazio de uma vida esvaziada de sentido, e o nosso sentido é procurar este sentido, que muitas vezes não encontramos, e nos confundimos com farsas, como Deuses que fingem ser amor, mas aprisionam. E amor que não é livre, não é amor.
Se eu fosse escrever em tábuas os mandamentos desta minha religião, já consigo pensar em alguns:
1) Todo mundo tem direito ao próprio corpo;
2) Ninguém tem o direito de fazer algo com o corpo de outra pessoa sem consentimento
3) Ninguém tem o direito de determinar o destino do corpo de outra pessoa sem consentimento (nem obrigar, nem impedir)
3) Todo mundo tem o direito de tentar convencer outra pessoa ou grupo de pessoas a mudar o destino do seu corpo;
4) Ninguém tem o direito de tentar convencer outra pessoa ou grupo de pessoas a mudar o destino de seus corpos, se essa outra pessoa ou grupo de pessoas não quiser o convencimento;
5) Palavras são ações, falar com uma pessoa é fazer algo com o corpo dela, então ofensas ferem o segundo mandamento;
6) Ninguém pode obrigar ninguém a continuar vivendo;
7) Ninguém pode tirar a vida de ninguém, a não ser quando isso for inevitável para que essa outra pessoa não tire a sua vida;
8) Ninguém pode explorar ou oprimir ninguém, nem impedir ninguém de lutar contra explorações e opressões;
9) Todas e todos terão acesso a tudo o que a humanidade produziu, nada é propriedade exclusiva de ninguém, a não ser o próprio corpo;
10) Crianças não são propriedade de ninguém, são responsabilidade da comunidade, mas têm tantos direitos e deveres quanto qualquer outro ser humano, e devem ser educadas para ter condições de exercer estes mandamentos;
11) O cuidado nunca será desculpa para controles, o amor nunca será desculpa para aprisionamentos, não existe "quero que me oprimam, que me explorem";
12) Estamos no mesmo barco, tudo é uma coisa só, e cada coisa tem a ver com cada uma das outras coisas, então nunca dissociaremos nossos direitos individuais e nossa condição coletiva, sob risco de todos os mandamentos acima desmoronarem: constante re-ligação à totalidade!
Se esse Deus escroto que a galera usa, pra tapar os buracos de suas angústias, existe de verdade, não me resta outra alternativa a não ser ser seu inimigo, lugar contra suas grades, e inventar a liberdade. Essa é a minha religião! Lutar por liberdade...
Amém!
beijinhos de maracujá!
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