domingo, 29 de janeiro de 2012

Amor, como tudo na militância...






Amor, como tudo na militância, é algo que a gente quer que todo ser humano tenha acesso, que todo mundo possa viver, que todo mundo possa viver bem... Lutamos pra que todas e todos possam amar o amor que oprima menos, que machuque, humilhe, mate e controle menos... O amor que amarre menos...

Amor, como tudo na militância, é algo que a gente também quer ter acesso, mesmo que não vá fazer uso, quer ter o direito de acessar.. De maneira saudável, da maneira que a gente se sentir bem pra sentir, todas e todos queremos amar e receber amor... De maneira que não doa, que não oprima, nem machuque, nem humilhe, nem mate, muito menos controle...

Liberdade, como tudo na militância, queremos que esteja ao acesso de todas e todos... Liberdade, aliás, e isso que queremos que esteja no meio do caminho entre tudo o que existe e toda pessoa que exista... Queremos que todas e todos tenham acesso livre a tudo! Inclusive à própria liberdade, inclusive ao próprio amor...

Amor livre, é isso! Amor mediado pela liberdade... A liberdade como artifício para que todas e todos acessem o amor... Do jeito que cada uma e cada um bem entenderem... É preciso lidar com muitas dores? Sim! É preciso mudar muito em si mesma ou mesmo... É preciso se enxergar de outra forma, ver o mundo de outra maneira... É outra maneira de ver o amor... É preciso que cada um de nós, assim como as pessoas amadas, aprendam que o amor é outra coisa, e não aquilo que nos ensinaram desde a infância... É preciso tirar do amor a possessividade, a propriedade privada, para que ele se torne saudável e livre... É uma invenção que só a mais sofisticada tecnologia humana poderia produzir: O amor que não aprisiona, que não mata, que não fere... O amor socialista, o amor revolucionário, o amor camaradagem, o amor que não engana e que não se sente enganado... O amor que não trancafia, que não sussurra culpa nos ouvidos da "pessoa" amada... Que entende as pessoas como pessoas, não como coisas, como posses... O amor que faz voar, que nos leva para longe, que nos faz sermos sempre MAIS AINDA NÓS MESMOS... O amor que levita, que flutua... O amor que faz flutuar... O amor que parece canção, que parece invenção, que parece miragem... O amor que não tem medo de parecer sacanagem, e ao mesmo tempo, o amor que não sacaneia ninguém...

O Amor Livre, é o amor que tem asas, que faz a militância se fazer relação, e a relação se fazer militante... É o amor que amam as pessoas que querem (e vão) mudar o mundo... É perigoso, o amor livre, para os tempos que se sustentam na falta de liberdade... A liberdade que é a raiz do amor livre, a liberdade que media esse amor livre, é serpente tentadora, rastejante, que impregna de liberdade tudo quanto é canto... Onde o amor livre chega, tem muita chance de pouco continuar como está, e tem muita chance de muito ficar mais livre... Se ele não for colhido e torcido e plantado novamente sem o sumo, o risco é de ter liberdade demais... O amor livre, se verdadeiramente livre, é também amor libertador... Por isso, quem quer construir um mundo de liberdade, precisa da liberdade de amar um amor novo, que não seja prisão, que seja amor livre...

O Amor Livre, como tudo na militância, é algo que queremos construir, que queremos que todas e todos tenham acesso, mas que só podemos lutar por um mundo em que tenhamos liberdade para viver esse algo se já estivermos, durante a luta, vivendo esse algo em nossas vidas...

Só quando o nosso amor for livre é que poderemos construir um mundo com liberdade... E até lá... Amemos, e nos libertemos...

beijinhos de maracujá!

3 comentários:

  1. Zé, seu lindo!
    Obrigada por ser um ótimo amigo e um camarada inseparável.

    beijinhos de abacaxi!

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  2. Zé, legal teu texto cara! Gosto muito dessa tua colocação de que "o amor livre, se verdadeiramente livre, é também amor libertador". Acredito que o amor tem por essência a necessidade de transformar.
    Então eu, um pouquinho mais radical (no sentido de ir até à raiz...), diria que só há amor se há liberdade, portanto não acho que existiria outras "adjetivações" pra amor além de livre. Se não for livre, é outra coisa que não é amor; assim diria paixão, posse, desejo ou qualquer outra coisa. Mas entendo a necessidade de colocar as claras outras maneiras de se relacionar que achamos ser amor.
    Também - talvez como vc - não acho que na liberdade não possa haver sofrimento, Zé. Liberdade acredito que também é abrir mão, na mesma medida em que acho que a "ética do desejo" - vou colocar assim - em nome da liberdade, muitas vezes é uma falácia.
    Então se pra amar livremente é preciso passar por dores e escolhas, o sentir-se bem não é uma consequência imediata dessa busca, mas é alcançado sim. Portanto, o amor é cauteloso, cuidadoso; assim a "ânsia de ser livre" pode acabar sendo como a forte luz que cega os olhos de um prisioneiro que há décadas não vê a luz do sol.
    Abraços, camará! ;)

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